Apresentador de TV australiano tem ataque de pânico ao vivo; entenda o problema
Nate Byrne sofreu um ataque enquanto falava do tempo no noticiário 'ABC News Breakfast'; veja como identificar
Circula pelas redes sociais o momento em que o australiano Nate Byrne, apresentador e meteorologista do programa de TV ABC News Breakfast, sofreu um ataque de pânico ao vivo.
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“Alguns de vocês sabem que ocasionalmente sou afetado por ataques de pânico e isso está acontecendo agora. Lisa, talvez eu possa voltar para você”, disse
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Nesse momento, sua participação no programa foi interrompida. Nate relatou que já havia sofridos outros ataques pânicos durante participações ao vivo em programas de TV e escreveu um artigo sobre o tema no site da emissora, segundo sua colega apresentadora Lisa Millar.
O que é um ataque de pânico?
O ataque de pânico se caracteriza por um "alarme falso" ligado pelo corpo inesperadamente, ou seja, um episódio em que o individuo subitamente passa a sentir medo, ansiedade e angústia de forma intensa, junto a sintomas físicos como dor no peito, sensação de engasgo e tontura, sem que haja uma ameaça real.
"E por que isso é causado? É uma resposta de medo fora de hora. Se você tiver diante uma ameaça física, um perigo real, ela pode ser útil, mas no caso da crise de pânico ela acontece do nada", explica o psiquiatra Bruno Brandão
Quando as crises de pânico são repetidas, elas podem estar relacionadas ao transtorno de pânico ou síndrome de pânico, que é o medo de ter uma nova crise inesperada "sem motivo aparente, já que no processo terapêutico ele pode vir à tona", ressaltou.
Os ataques de pânico também podem ser esperados, por exemplo, no momento em que a pessoa está dentro do elevador ou em um lugar fechado. Nesse caso é caracterizado por uma fobia específica daquela situação ou contexto, e não evolui para um transtorno de pânico, segundo ele.
Para diferenciar o diagnóstico, no entanto, é preciso acompanhamento especializado. Ele é feito baseado, principalmente, no nível de prejuízo que os ataques estão trazendo para a vida da pessoa.
É possível evitar um ataque de pânico?
Objetivamente, não. Mas há "fatores de proteção", segundo o especialista, como desenvolver habilidades de gerenciamento de stress por processo terapêutico, ter boas noites de sono, fazer atividade física, meditar e manter relacionamentos saudáveis.
No entanto, se as crises já estiverem acontecendo, é preciso de uma abordagem medicamentosa em alguns casos e entender os gatilhos que estão levando aos ataques através da psicoterapia, que também irá trabalhar a redução dos pensamentos catastróficos, como o medo de morrer durante os ataques.
O que fazer durante uma crise?
A pessoa, basicamente, deve ir para um ambiente calmo, fazer exercícios respiratórios para se tranquilizar. Além disso, técnicas de relaxamento como relaxamento muscular progressivo, além da exposição interoceptiva, onde o próprio paciente é ensinado a provocar a crise e reduzir a crise, ajudam o paciente a ter "mais previsibilidade e sensação de controle", explica Bruno.
Em seu artigo, Nate compartilhou uma outra estratégia: pressionar a unha do polegar na lateral do meu dedo. "Isso me ajudou a ter outra coisa em que focar", disse.
Como diferenciar uma crise de pânico de um infarto?
Em um quadro de ataque cardíaco, apesar das semelhanças nos sintomas físicos com quadros de pânico, como palpitações ou batimentos cardíacos fortes e acelerados, não há sintomas psíquicos como despersonalização, onde a pessoa tem um estranhamento de quem ela é; desrealização, quando há sensação de distorção do espaço, além do medo de enlouquecer, de perder o controle e morrer.
"Geralmente depois que as pessoas têm um ataque de pânico procuram a emergência do hospital. Mas, na verdade, os sintomas mentais funcionam como uma interpretação desses sintomas físicos", explica Bruno.
Em geral, as crises de pânico duram até 15 minutos, segundo o especialista. Byrne, inclusive, retornou ao vivo alguns instantes depois e se desculpou se deu "susto em alguém".
Em seu relato no site, ele disse que ver vídeos dele próprio tendo um ataque de pânico ao vivo o ajudou a perceber que estava "mais no controle" do que imaginava.
"Assistir aos vídeos de um ataque de pânico na televisão ao vivo me mostrou que nem sempre é óbvio o que está acontecendo de fora — pareço muito mais no controle do que me sentia, embora eu consiga ver os sinais reveladores de pânico que os outros podem não perceber.", relatou.