Leite adulterado no Rio Grande do Sul revela esquema de fraude em escolas e creches
Investigação revela esquema de adulteração de leite que afetou merenda escolar em três estados
Gabriela Lerina
Uma investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul – que já dura 11 anos – revelou novos desdobramentos de um antigo esquema de adulteração de leite. O foco desta vez é a empresa Dielat, localizada em Taquara, a 100 km de Porto Alegre, onde práticas criminosas ocorreriam durante o processamento de leite e derivados.
O sócio-proprietário da Dielat, Antônio Ricardo Colombo Sader, foi preso na última semana em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Segundo o Ministério Público, ele também é o dono oculto da AgroVita, empresa criada para disputar licitações públicas. Essa empresa forneceu produtos lácteos, como leite em pó, para a merenda de escolas e creches de pelo menos sete cidades no Rio Grande do Sul, incluindo Porto Alegre, além de municípios em São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com o promotor Mauro Rockenbach, os envolvidos utilizavam um método avançado para mascarar a adulteração, utilizando soda cáustica em proporções precisas que dificultavam a detecção até mesmo em laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura.
"Eles encontraram uma fórmula exata, o equilíbrio entre a proporção de soda e o número de litros de leite. Mesmo laboratórios equipados não conseguiam identificar", explicou Rockenbach.
Além de Sader, foi preso Sérgio Alberto Seewald, conhecido como "Alquimista", apontado como responsável técnico pelas adulterações. Mesmo impedido pela Justiça de atuar na área, ele seguia trabalhando como consultor para a Dielat, utilizando o contrato da empresa de sua esposa para receber pagamentos.
"Essa é a equação: lucro total, ganância e sensação de impunidade. O resultado? O crime compensa neste país", destacou o promotor.
A investigação descobriu irregularidades nos produtos fornecidos pela AgroVita para merendas escolares, o que levou a reclamações de órgãos como a Secretaria de Educação de São Paulo. O caso levanta preocupações sobre a segurança alimentar em instituições públicas.
O Ministério Público segue apurando os detalhes do esquema e expandindo as investigações para verificar se outras empresas ou estados estão envolvidos.