Sentir dor quando está frio pode indicar alguma doença? Entenda o que o corpo está tentando dizer
Sensações dolorosas em dias com baixas temperaturas não devem ser tratadas como algo "normal da idade"; saiba mais

Brazil Health
Com a chegada do frio, observa-se uma queda na procura por atendimento médico, especialmente entre os idosos. Paradoxalmente, aumentam os casos de doenças respiratórias e as queixas de dores articulares e ósseas nessa faixa etária, o que levanta um alerta importante sobre os impactos do clima na saúde dos mais velhos.
As mudanças fisiológicas que ocorrem no organismo durante o inverno, somadas ao processo natural de envelhecimento, contribuem para o agravamento de desconfortos físicos.
Entender esses efeitos, adotar medidas simples no dia a dia e reconhecer os sinais que exigem atenção médica são passos essenciais para garantir mais qualidade de vida durante essa estação.
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Frio e dor: o que realmente acontece no organismo
As mudanças sazonais na saúde dos idosos são um tema importante – especialmente porque o senso comum costuma banalizar queixas relevantes como as "dores da idade". A dor realmente pode se intensificar no frio, e há explicações fisiológicas bem fundamentadas para isso.
Quando as temperaturas caem, é comum escutar frases como "minhas juntas travam", "a dor nas pernas piora", ou ainda "parece que o frio entra nos ossos".
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Entre os principais mecanismos fisiológicos envolvidos, destacam-se:
- Vasoconstrição periférica: o frio contrai os vasos sanguíneos e reduz a irrigação nos músculos e articulações, aumentando a rigidez e a dor;
- Redução da lubrificação articular: o líquido sinovial, que lubrifica as articulações, se torna mais viscoso em baixas temperaturas, favorecendo desconfortos – especialmente em pessoas com artrose;
- Maior sensibilidade neural: receptores de dor se tornam mais sensíveis ao frio, intensificando o incômodo;
- Imobilidade: com o frio, as pessoas tendem a se movimentar menos, o que agrava dores crônicas.
O que pode ser feito em casa para aliviar as dores
Mesmo sem sair de casa, é possível adotar medidas simples e eficazes que aliviam consideravelmente o desconforto causado pelo frio. Algumas dessas estratégias incluem:
- Manter-se aquecido: roupas adequadas ajudam a regular a temperatura corporal;
- Exercícios leves e alongamentos diários: movimentar-se ativa a circulação e melhora a mobilidade articular;
- Banhos quentes e compressas mornas: relaxam a musculatura e reduzem a sensação de dor;
- Hidratação adequada;
- Alimentação anti-inflamatória: incluir alimentos ricos em ômega-3, cúrcuma, gengibre e vegetais escuros pode ajudar a reduzir dores crônicas.
Mais importante ainda é entender que a dor intensificada no frio não deve ser encarada apenas como algo natural da idade. Pode haver causas clínicas como artrose, neuropatias e má circulação, que exigem avaliação especializada e, sempre que possível, uma abordagem preventiva e multidisciplinar.
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Frio não precisa ser sinônimo de dor. Com acompanhamento adequado, escuta especializada e suporte humanizado, é possível melhorar – e muito – a qualidade de vida na terceira idade.
Sentir dor não deve ser tratado como algo inevitável. Procure um geriatra e tenha um plano personalizado para esse período mais sensível da vida e para esta estação do ano.
*Julianne Pessequillo é geriatria e clínica geral CRM 160.834 | RQE 71.895