Fila por colonoscopia ultrapassa 21 mil pessoas em Porto Alegre
Exame é essencial para diagnóstico do câncer de intestino

Eduardo Pinzon
Mais de 21 mil pessoas aguardavam por uma colonoscopia em Porto Alegre no mês de junho. O exame, simples, mas essencial, é o principal para detectar o câncer no intestino - terceiro tipo de tumor mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Em 2023, mais de 24 mil brasileiros morreram em decorrência da doença, o que equivale a uma morte a cada 20 minutos.
A aposentada Nailde da Silva, de 74 anos, espera pelo procedimento desde novembro de 2023. "Quando fui ao hospital eu já estava com sangramento. O médico fez exames e constatou uma infecção intestinal. Tratou com antibiótico, mas eu sigo esperando pela colonoscopia", relata. O exame "é para ver quantos pólipos eu tenho, porque a dor que eu sinto é enorme."
A filha de Nailde, Nice de Azevedo, enfrentou a mesma espera, mas decidiu não aguardar mais pelo exame no SUS. Procurou um plano de saúde e o resultado foi alarmante. "Quando fiz o exame, eu já estava com 10 pólipos. E o médico disse que se eu levasse mais cinco anos, eu ia estar tomada de câncer."
Pólipos
O coloproctologista Daniel Azambuja alerta que o câncer colorretal não é mais uma doença exclusiva de idosos. "Antes, a faixa etária de maior ocorrência era ao redor dos 60 anos. Hoje, vemos muitos casos em pacientes com 30 ou 40 anos", explica.
Apesar de o número de colonoscopias ter aumentado no país - mais de 570 mil exames foram realizados em 2024, segundo o Observatório da Saúde Pública -, a demanda ainda supera a capacidade de atendimento. O aumento representa um crescimento de 65% em comparação com 2019.
A fila é organizada por estados e municípios. Por isso, não há dados consolidados sobre quantos brasileiros ainda aguardam o exame. "A maioria dos pólipos já pode ser retirada na hora do exame", destaca Azambuja. "Se forem maiores, fazemos biópsia para verificar se há malignidade."
A espera, porém, pode custar caro. Quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, maiores as chances de cura.
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