Creatina causa câncer? Melhora o desempenho físico? Veja mitos e verdades
Estudo internacional com a participação de pesquisadores brasileiros revisou diversos trabalhos sobre o suplemento alimentar
Wagner Lauria Jr.
Um grupo de pesquisadores brasileiros integrou um estudo internacional que revisou dezenas de trabalhos científicos sobre a creatina. A pesquisa, publicada no Journal of the International Society of Sports Nutrition, analisou mitos e verdades sobre a substância, reforçando sua segurança quando utilizada em doses recomendadas (veja mais abaixo).
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Segundo o Hospital Albert Einstein, o aminoácido também é produzido pelo corpo e pode ser adquirido via alimentos (peixes e carnes, principalmente). A suplementação nada mais é do que a substância em formato concentrado, geralmente encontrada em pó e consumida após a diluição em água.
O produto é recomendado para melhorar desempenho na prática de atividade física e favorecer o ganho de massa muscular.
Desmistificando a creatina
Os cientistas, inclusive, destacaram a eficácia do suplemento na melhora do desempenho físico, especialmente em atividades de alta intensidade, como futebol, basquete e vôlei.
A revisão apontou que a suplementação de creatina não está associada a riscos como câncer, danos renais, hepáticos, câimbras, calvície ou hipertensão. No entanto, alguns efeitos ainda precisam de mais investigação, como um possível potencial terapêutico e o uso durante a gestação (veja mais detalhes abaixo)
Em entrevista ao Jornal da USP, Hamilton Roschel, professor da Escola de Educação Física e Esporte da instituição e um dos autores do artigo, destaca que a creatina não se restringe ao desempenho esportivo.
"Seu efeito tem sido estudado em outros contextos, como na saúde óssea e na cognição", explica.
A substância também pode ser indicada para idosos e pessoas em recuperação após a internação ou acamadas contra a sarcopenia (perda de massa muscular), segundo o Einstein.
Todo mundo pode tomar creatina? Qual dose?
Seu consumo não é indicado para crianças e adolescentes, gestantes e lactantes, pessoas com problemas renais graves, pessoas com histórico de alergia à substância, de acordo com artigo publicado na Revista Brasileira de Nutrição Esportiva.
Além disso, sua inclusão na dieta diária deve ser feita por um profissional especializado, como nutricionista, já que é considerada uma mudança alimentar.
No entanto, é preciso fazer exercícios físicos junto com a suplementação.
Consumo sem atividade física
Já se você tomar creatina e não se exercitar, pode sofrer com o inchaço, de acordo com o Hospital. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica o consumo de 3 gramas por dia.
Entre os mitos refutados está a ideia de que a creatina pode comprometer a função renal ou hepática. "A literatura científica demonstra que a suplementação em doses seguras não afeta adversamente esses órgãos", afirma o professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Bruno Gualano ao Jornal da instituição.