Como o frio afeta seus olhos — e o que fazer para prevenir problemas
No inverno, as baixas temperaturas e o ar seco podem causar desconfortos e agravar problemas de saúde ocular

Brazil Health
No inverno, as baixas temperaturas e o ar seco podem causar desconfortos e agravar problemas de saúde ocular. Conheça os riscos, saiba como se prevenir e cuide da sua visão.
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Com a chegada do inverno, é comum pensarmos em gripe, resfriado e nariz entupido. Mas você sabia que os olhos também sofrem bastante nessa época do ano? O clima frio e seco pode agravar ou até desencadear diversos problemas oculares, que muitas vezes são ignorados ou confundidos com simples incômodos.
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Entender os efeitos do inverno sobre a saúde dos olhos é o primeiro passo para proteger a visão durante a estação mais fria do ano.
Olho seco: quando o ar seco incomoda mais do que o frio
Durante o inverno, a umidade do ar diminui, os ventos se intensificam e muitas pessoas passam mais tempo em ambientes fechados, com aquecedores ou ar-condicionado ligados. Tudo isso contribui para um problema bastante comum: o olho seco.
A lágrima é fundamental para manter a superfície dos olhos lubrificada, saudável e protegida. Quando ela evapora mais rapidamente do que o normal — algo típico em climas secos e frios — surgem sintomas como:
- Ardência;
- Sensação de areia nos olhos;
- Vermelhidão;
- Coceira;
- Cansaço ocular;
- Visão embaçada temporária.
Se esses sintomas forem frequentes, é importante buscar orientação médica. Em muitos casos, o uso de colírios lubrificantes (lágrimas artificiais) ajuda bastante, mas o oftalmologista pode indicar tratamentos mais específicos, se necessário.
Conjuntivites e alergias oculares em alta
Outro problema comum no inverno é o aumento das conjuntivites, especialmente a viral, que é altamente contagiosa. Isso acontece porque as pessoas tendem a ficar mais próximas umas das outras em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que facilita a transmissão de vírus.
Além disso, o frio também intensifica as alergias oculares, principalmente em quem já sofre com rinite ou asma. Poeira, mofo e ácaros ficam mais concentrados dentro de casa, provocando reações nos olhos como:
- Coceira intensa;
- Lacrimejamento;
- Inchaço nas pálpebras;
- Olhos vermelhos.
A conjuntivite alérgica, embora não seja contagiosa, precisa de tratamento específico e pode piorar se o paciente coçar os olhos ou usar colírios inadequados por conta própria.
Prevenção e quando procurar um especialista
Você pode adotar alguns cuidados simples para reduzir o risco de desconfortos e doenças oculares no inverno:
- Mantenha os ambientes ventilados, mesmo no frio, para evitar acúmulo de vírus e alérgenos;
- Evite o uso excessivo de ar-condicionado ou aquecedores, pois eles ressecam ainda mais o ar;
- Hidrate-se bem: beber água também ajuda na produção natural das lágrimas;
- Use colírios lubrificantes, com orientação médica;
- Evite coçar os olhos, especialmente se estiver com sintomas de alergia ou irritação;
- Lave as mãos com frequência e não compartilhe toalhas, maquiagens ou colírios, para evitar a propagação de conjuntivites.
Nem todo olho vermelho ou irritado é sinal de algo grave, mas a persistência dos sintomas por mais de dois dias é um alerta. Você deve procurar um oftalmologista se:
- Os sintomas não melhorarem com medidas simples;
- Houver dor intensa, sensibilidade à luz ou queda da visão;
- Aparecer secreção amarelada ou purulenta;
- Os dois olhos forem afetados de forma súbita;
- Você já tem histórico de problemas oculares, como ceratocone, glaucoma ou cirurgias anteriores;
O diagnóstico precoce faz toda a diferença, tanto no alívio dos sintomas quanto na prevenção de complicações.
Olhos protegidos em qualquer estação
O inverno é, sim, uma época de risco para os olhos, mas com informação, prevenção e os cuidados certos, é possível passar pela estação fria com mais conforto e saúde ocular. Estar atento aos sinais que os olhos dão e não adiar uma consulta com o oftalmologista pode evitar grandes desconfortos e até preservar a visão a longo prazo.
*Fábio Medina Rocha é oftalmologista e membro da Brazil Health credenciado pelo CRM MG 42220