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Saúde

Câncer e carreira: como as mulheres podem equilibrar tratamento e vida profissional

Diagnóstico de câncer não precisa significar afastamento imediato; com apoio e adaptações, é possível conciliar saúde e trabalho

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Diagnóstico de câncer pode ser conciliado com a carreira | Freepik
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Uma das muitas dúvidas que surgem com o diagnóstico de câncer é como conciliar a vida profissional em meio à avalanche de informações e temores que acompanham a notícia. No caso do câncer de mama, por exemplo, cerca de 70% dos casos no Brasil ocorrem em mulheres com até 69 anos — muitas delas em plena atividade profissional. Diante disso, surgem questionamentos difíceis: afastar-se? Continuar trabalhando? Como e quando contar à chefia e aos colegas?

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Trabalho durante o tratamento: é possível?

Essa não é uma decisão simples, e cada mulher deve avaliá-la de acordo com seu momento e condições pessoais. Seguir trabalhando durante o tratamento é possível, desde que o ritmo da paciente seja respeitado. Os efeitos colaterais da quimioterapia — como fadiga intensa, náuseas e queda de imunidade — exigem ajustes. É nesse cenário que o diálogo com o empregador se torna essencial.

Algumas medidas podem facilitar esse processo: adotar uma jornada flexível, trabalhar remotamente ou redistribuir tarefas temporariamente são soluções que vêm sendo aplicadas com bons resultados. Muitas empresas, inclusive, já implementaram políticas específicas de acolhimento a colaboradoras em tratamento oncológico. Estratégias como essas podem aumentar em até 37 vezes a chance de retorno efetivo ao trabalho após o fim do tratamento.

O momento certo para falar sobre o diagnóstico

Especialistas recomendam que a paciente escolha o momento mais adequado para compartilhar o diagnóstico, de preferência com alguém de confiança dentro da empresa. É importante explicar, de forma clara, os possíveis impactos do tratamento na rotina profissional e sugerir alternativas. Além de favorecer um ambiente mais empático, essa conversa também ajuda a quebrar o estigma que ainda persiste sobre o câncer nos espaços de trabalho. O acompanhamento médico também é importante: seu oncologista pode oferecer uma visão realista sobre o que esperar ao longo do processo.

Direitos garantidos por lei

Mesmo com orientações e apoio, os dados brasileiros ainda preocupam: um estudo conduzido pela dra. Luciana Landeiro, publicado em 2018, mostrou que apenas 30% das mulheres com câncer de mama voltaram ao trabalho em até 12 meses após o diagnóstico — número que sobe para 60% em dois anos. Para aquelas que não conseguem retomar suas atividades, a legislação assegura alguns direitos. Mulheres diagnosticadas com câncer têm acesso ao auxílio-doença enquanto estiverem afastadas por recomendação médica. Se a doença resultar em incapacidade permanente, é possível requerer aposentadoria por invalidez.

Em tempos em que tanto se fala sobre inclusão e saúde mental, é urgente lembrar: saúde e trabalho não devem ocupar lados opostos. Ao contrário, podem caminhar juntos, desde que o ambiente profissional seja seguro, acolhedor e respeite as necessidades de quem enfrenta a doença.

*Gustavo de Oliveira Bretas é oncologista e membro Brazil Health credenciado pelo CRM 52.111404-2

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