Saúde

Associações médicas pedem suspensão de canetas emagrecedoras manipuladas

Solicitação foi enviada à Anvisa e aponta sistema estruturado de fabricação e venda clandestina no Brasil

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Simulação de aplicação de caneta emagrecedora | Freepik
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Associações médicas protocolaram uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para suspender a fabricação, comercialização e prescrição de versões manipuladas de canetas utilizadas no tratamento da obesidade, como Ozempic e Mounjaro. A ação, segundo as entidades, visa impedir a produção irregular do produto.

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“O pedido se baseia em um risco sanitário iminente, sustentado por evidências clínicas, sanitárias e policiais que apontam para a circulação nacional, em larga escala, de formulações clandestinas sem qualquer garantia de qualidade, pureza, esterilidade ou estabilidade. Além disso, trata-se de peptídeos complexos, impossíveis de serem reproduzidos em farmácias de manipulação”, diz a carta.

Como exemplo, as associações citam a operação da Polícia Federal da última quinta-feira (27), que mirou laboratórios e estabelecimentos suspeitos de participarem de um esquema de produção, fracionamento e venda clandestina do princípio ativo tirzepatida, usado nas canetas emagrecedoras. Em muitos casos, os produtos eram promovidos por influenciadores e vendidos em aplicativos de mensagem, sem qualquer rastreio.

Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. César Eduardo Fernandes, a situação alcançou um nível crítico. “Estamos diante de um cenário que ultrapassa a irregularidade pontual. O que vemos é um sistema estruturado de fabricação e venda clandestina, com risco real e imediato para a saúde dos pacientes. Não se trata de um ou outro caso isolado, mas de uma rede clandestina que se espalhou pelo país”, afirma.

Além de comprometer o tratamento adequado da obesidade, essas formulações podem ocasionar riscos sanitários, como:

  • variação imprevisível de concentração, levando a subdosagem, superdosagem e toxicidade;
  • contaminação microbiológica ou química, com risco de infecção local ou sistêmica;
  • veículos incompatíveis com uso subcutâneo;
  • degradação da molécula pela falta de cadeia fria;
  • reação alérgica grave por impurezas peptídicas;
  • uso de peptídeos falsificados ou não testados;
  • eventos adversos graves, incluindo pancreatite, vômitos incoercíveis, distúrbios metabólicos, desidratação severa e hospitalizações.

Com isso, as associações pedem que a Anvisa suspenda a fabricação, manipulação, prescrição, comercialização e distribuição dessas formulações e promova ações de rastreamento de insumos sem procedência e auditorias em estabelecimentos envolvidos. Solicitam, ainda, que o órgão emita um Alerta Sanitário Nacional, esclarecendo a inexistência de equivalência entre produtos manipulados e medicamentos aprovados.

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