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Saúde

Abuso de álcool pode afetar tomada de decisões de forma duradoura, diz estudo

Pesquisa inédita mostra que o consumo exagerado pode prejudicar o cérebro de forma duradoura — mesmo após parar de beber; entenda

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Estudo mostra que beber em excesso pode afetar capacidade de tomar decisões | Freepik
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Um estudo inédito, publicado na revista Science Advances, buscou responder como o consumo exagerado de álcool pode prejudicar, de forma duradoura e consistente, a capacidade do cérebro de tomar boas decisões.

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Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram demonstrar esse efeito em um modelo animal, ligando diretamente o uso crônico de álcool a alterações profundas no funcionamento cerebral — mesmo depois de um longo período sem beber.

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A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e traz um alerta importante: os efeitos do álcool sobre o cérebro vão muito além da embriaguez momentânea. Eles podem afetar funções cognitivas essenciais, como memória, estratégia e adaptação a novas situações.

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O que foi observado?

Ao analisar os cérebros dos ratos, os pesquisadores descobriram alterações funcionais marcantes em uma área chamada estriado dorsomedial, responsável por processar informações e tomar decisões. Os circuitos neurais dessa região estavam danificados, o que prejudicava a capacidade dos ratos de aprender e ajustar seu comportamento.

“Nosso experimento foi bastante desafiador, e os ratos expostos ao álcool simplesmente não conseguiram fazê-lo tão bem”, explica Patricia Janak, neurocientista da Universidade Johns Hopkins e autora sênior do estudo. “Os ratos saudáveis eram mais rápidos, estratégicos e tinham sinais cerebrais mais fortes relacionados à decisão.”

Como o estudo foi feito?

Para entender melhor os impactos do álcool sobre o cérebro, os pesquisadores expuseram ratos a altas doses de álcool por um mês. Em seguida, os animais passaram quase três meses em abstinência. Depois desse período, foram submetidos a um teste que exigia tomada de decisão com base em recompensas — uma tarefa que, apesar de simples para um rato saudável, exige memória, atenção e flexibilidade cognitiva.

No teste, os ratos podiam escolher entre duas alavancas. Uma delas oferecia mais chance de recompensa, mas essa “melhor escolha” mudava a cada poucos minutos. Ou seja, o animal precisava perceber quando a situação mudava e adaptar seu comportamento rapidamente.

Por que isso importa?

Os cientistas já sabiam que pessoas que a dependência alcoólica pode trazer dificuldades cognitivas, como problemas de memória, atenção e julgamento. Mas até agora, faltava um modelo animal que mostrasse exatamente como o álcool altera o cérebro de forma duradoura.

Esse novo estudo ajuda a preencher essa lacuna e pode explicar, por exemplo, por que tantas pessoas recaem no vício mesmo após períodos de reabilitação. Segundo Janak, os danos causados pelo álcool aos circuitos cerebrais podem persistir por muito tempo e interferir diretamente na capacidade da pessoa de tomar boas decisões — incluindo a decisão de não voltar a beber.

Próximos passos

Agora, a equipe pretende investigar outras regiões do cérebro que interagem com o estriado dorsomedial e entender melhor as diferenças entre cérebros masculinos e femininos no contexto do alcoolismo. Os pesquisadores também esperam que essa linha de estudo contribua para o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento para a dependência.

O trabalho contou com o apoio dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, do Programa de Pesquisa Intramural do Instituto Nacional de Saúde Mental e de uma bolsa da fundação Kavli.

*Com informações do Futurity

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