Reunião de Lula sobre fraudes no INSS termina sem anúncios
Presidente se reuniu por cerca de três horas com ministros; detalhes sobre devolução de valores podem ser divulgados nos próximos dias

Hariane Bittencourt
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta terça-feira (6), com integrantes do governo para tratar do esquema de fraudes no INSS. A reunião, no Palácio da Alvorada, durou quase três horas e terminou sem anúncio.
Como Lula viaja à noite para cumprir agendas na Rússia e na China, a expectativa era que o governo divulgasse detalhes do plano de ação para mitigar os efeitos dos desvios após a reunião.
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Eram esperados, por exemplo, esclarecimentos indicando como e a partir de quando será feita a devolução dos valores descontados irregularmente de aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. Os desvios podem ter movimentado até R$ 6 bilhões.
Pessoas próximas ao presidente, que estiveram no encontro, disseram que foram discutidos procedimentos do INSS, possíveis formas de aperfeiçoar o sistema e o tamanho dos desvios. Os participantes também falaram sobre a identificação das vítimas e dos envolvidos.
A expectativa é que haja um anúncio nos próximos dias, indicando os próximos passos a serem adotados pelo Executivo diante do escândalo que arranhou a imagem do governo e levou Lula a fazer recentes trocas no comando do Ministério da Previdência Social e no INSS.
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Participaram da reunião os ministros Wolney Queiroz (Previdência Social), Rui Costa (Casa Civil), Vinícius de Carvalho (Controladoria-Geral da União), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Esther Dweck (Gestão e Inovação), além de integrantes da Secretaria de Comunicação.
Também estiveram presentes o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior; o adjunto do advogado-geral da União, Junior Divino Fideles; e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.
'Fragilidades' no INSS
Também nesta terça, a Controladoria-Geral da União informou que assumiu as investigações internas que podem responsabilizar servidores do INSS envolvidos nas fraudes. Anteriormente, os procedimentos administrativos seriam conduzidos pelo próprio INSS.
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A intervenção foi oficialmente comunicada ao presidente do instituto, Gilberto Waller Júnior, pelo secretário de Integridade Privada da CGU, Marcelo Pontes Viana. Para justificar a decisão, a CGU apontou fragilidades no instituto.
Um relatório com mais de 40 páginas, publicado hoje aponta que "o elevado percentual de descontos não autorizados se deve a fragilidades do INSS". O texto, da Controladoria-Geral da União, cita a "baixa efetividade nas ações para aplicar sanções" e a "ausência de implementação de medidas de controle mais eficazes" pelo instituto.