Marcos do Val nega “acordão” com Moraes após suspensão de medidas cautelares
Senador pediu licença para “cuidar da família” e alega que alívio de medidas foi resultado de parecer jurídico do Senado; nas redes, postou corrida e arma

Caio Aquino
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) negou, em uma live no YouTube transmitida neste sábado (30), ter feito um “acordão” com o ministro Alexandre de Moraes para suspender medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, a decisão que retirou restrições como o uso de tornozeleira eletrônica e o bloqueio de contas bancárias foi resultado da atuação da advocacia do Senado e de pressão internacional.
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Moraes derrubou as medidas cautelares impostas ao senador nesta sexta-feira (29), com exceção à retenção do passaporte e a proibição de do Val deixar o país.
Após a live no YouTube, do Val fez uma postagem nas redes sociais onde corria em uma esteira, trajado de um colete militar e portando uma arma de fogo. Na legenda do vídeo, o senador disse:
“Tempo de retomar os treinos, cuidar da minha saúde e da minha família. Em alguns dias estarei no senado renovado e ainda mais combativo. “Acórdão”? Não negocio a minha honra e nem a minha história!”
Do Val também rebateu a versão de que estaria se afastando do mandato. Ele explicou que protocolou um pedido de licença de 30 dias para permanecer no Espírito Santo e acompanhar o tratamento da mãe, diagnosticada com câncer, além da recuperação do pai após cirurgia e do acompanhamento da filha. O senador reforçou que não haverá suplente assumindo a vaga nem processo no Conselho de Ética.
Em sua fala, o parlamentar relatou ter sofrido “perseguição política” e listou medidas que considerou abusivas, como bloqueio de salários, verbas de gabinete, cartões bancários, redes sociais e até do CPF, além da apreensão de passaporte e de equipamentos de trabalho. Ele destacou que nenhuma denúncia formal foi apresentada contra ele.
“Não tenho denúncia, não tenho processo, não tenho ação contra mim. Mesmo assim, sofri bloqueio de salário, de verbas de gabinete, de cartões, de redes sociais e até do meu CPF. Como eu poderia exercer meu mandato dessa forma?”
Segundo o senador, a decisão de Moraes ocorreu após a elaboração de um parecer da advocacia do Senado e de articulações políticas conduzidas pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), com apoio de colegas como Magno Malta (PL-ES), Eduardo Girão (Novo-CE), Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Esperidião Amin (PP-SC). Do Val afirmou ainda que pressões internacionais, inclusive de parlamentares americanos, contribuíram para o resultado.