Lula evita falar de sucessão no Banco Central e nega questão pessoal com Campos Neto
Presidente do BC é alvo frequente de críticas do presidente da República, que indica sucessor da autoridade monetária
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que exista uma questão pessoal com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Luta também desconversou sobre o diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, ser o favorito para a indicação à presidência da autoridade monetária e evitou falar sobre a sucessão para não trazer à tona desgaste por especulação política.
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Lula vem sendo um crítico voraz do modelo de autonomia e do próprio Campos Neto, a quem já acusou de “trabalhar contra o Brasil” e de atuar contra o governo Lula por ser um bolsonarista. A maior crítica é em torno da alta taxa de juros, que segundo integrantes do governo Lula, deveria estar mais baixa devido ao crescimento econômico do país.
“Não sei se vai ser o Galípolo. Tenho o direito de indicar o presidente do Banco Central e mais alguns diretores. Antes de indicar, quero conversar com presidente do Senado [Rodrigo Pacheco - PSD/MG], da Comissão [de Constituição de Justiça, Davi Alcolumbre - União/AP], para que os indicados sejam votados logo para que não sofram desgaste de especulação política por meses e meses”, disse em entrevista à Rádio Gaúcha.
Lula também descartou que tenha algo pessoal contra Campos Neto.
“Não me desagradou, não, o problema não é pessoal. Ele desagradou ao país, ao setor produtivo. Não tem explicação a taxa de juros estar a 10%. O BC deve ao povo brasileiro”, explicou.
Com a autonomia do Banco Central (BC) aprovada na gestão Jair Bolsonaro no Congresso, o presidente do BC passou a ter mandato de quatro anos. Campos Neto tomou posse do banco em 2021 após ter sido indicado em 2020. Com a autonomia, Lula não tem o poder para demitir, mas poderá indicar um sucessor para Campos Neto até o final do ano. O escolhido tomará posse em 2025.
“Vou indicar a pessoa. Primeiro, ela tem de ter muito caráter, seriedade e responsabilidade. A pessoa que eu indicar não deve favor ao presidente, mas ao povo. Quando tiver de reduzir a taxa de juros, ele precisa ter coragem e, quando for aumentar, precisa ter a mesma coragem”, disse o presidente.