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Política

Lula defende alta do IOF e diz que governo precisa manter medida de Haddad: "Não dá para ceder toda hora"

Presidente disse que medida do IOF mira os mais ricos e admitiu que os escândalos no INSS prejudicaram a imagem do governo

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Presidente Lula no podcast "Mano a Mano", apresentado pelo rapper Mano Brown | Divulgação/Ricardo Stuckert/PR
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Em meio à pressão do mercado financeiro, da resistência no Congresso Nacional e dos números nada animadores nas pesquisas de avaliação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do aumento do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras. Segundo o presidente, a proposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz com que "quem tem mais pague um pouquinho mais". Isso, segundo Lula, para garantir "grana" para os investimentos sociais e tocar obras de infraestrutura no país. O presidente argumentou que não é justo penalizar programas sociais sempre que há pressão para manter o limite de gastos.

“O IOF do Haddad não tem nada de mais. O Haddad quer que as bets paguem imposto, as fintechs, os bancos... Pagar um pouquinho só, para a gente fazer a compensação. Porque toda vez que a gente vai ultrapassar o arcabouço fiscal, a gente tem que cortar no Orçamento. Então, se eu tiver que cortar R$ 40 bilhões em obras, saúde e educação, o IOF é para fazer essa compensação. Essa briga nós temos que fazer. Não dá para ceder toda hora”, disse o presidente.

A declaração foi feita durante entrevista ao podcast Mano a Mano, apresentado pelo rapper Mano Brown e pela jornalista Semayat Oliveira, transmitida nesta quinta-feira (19) no Spotify.

Na prática, o decreto tenta reforçar o caixa da União para não furar o novo teto de gastos, o chamado arcabouço fiscal. A ideia é usar o dinheiro arrecadado com o IOF pra investir em áreas como infraestrutura e programas sociais. Mas o vai e volta nas regras acabou afetando a imagem do governo. Desde maio, já foram três decretos diferentes sobre o tema.

O primeiro decreto, no dia 22, aumentava as alíquotas em várias operações financeiras. Horas depois, o Planalto voltou atrás em parte da medida e retirou a taxação sobre remessas ao exterior. As críticas continuaram, e o governo publicou um novo decreto, com ajustes. O Executivo também propôs tributar alguns investimentos, como letras de crédito imobiliário e do agronegócio, que hoje são isentas. Mesmo assim, o pacote fiscal do ministro Fernando Haddad ainda enfrenta forte resistência no Congresso. A urgência foi aprovada, mas o texto agora segue para análise do mérito.

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Desempenho da economia e popularidade

Lula também aproveitou a entrevista para fazer um balanço do desempenho do governo. Destacou a queda do desemprego e o crescimento da economia, mas reconheceu o aumento do custo de vida, um fator que, segundo ele, ajuda a explicar por que as boas notícias não estão sendo sentidas no dia a dia da população.

"O PIB da indústria cresceu, o emprego cresceu, mas isso não está chegando à população", disse o presidente, atribuindo parte do problema à comunicação falha do próprio governo. Segundo ele, a gestão "não comunicou corretamente” as entregas realizadas até agora.

Enquanto isso, os números das pesquisas reforçam o alerta no Planalto. A última pesquisa do instituto Datafolha que mede avaliação do presidente aponta que 40% dos entrevistados consideram o chefe do Executivo ruim ou péssimo, enquanto 28% acham bom ou ótimo.

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Na entrevista, o presidente sinalizou confiança de que ainda há tempo para mudar esse cenário.

"Pesquisa é uma fotografia do momento em que é feita [...]. A gente não comunicou corretamente. As pessoas não sabem das coisas que nós fizemos. Se as pessoas não sabem, não tem por que aprovarem o governo."

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INSS

Ao comentar a série de fraudes descobertas no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Lula reconheceu os impactos negativos à imagem do governo, e voltou a reforçar que os descontos começaram no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e foram descobertos pela atual gestão, em uma operação deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União.

"Descobrimos que várias entidades que foram criadas no governo Bolsonaro, na perspectiva de mudança de governo. Quando começamos a investigar, nós não fizemos espetáculo de pirotecnia porque queríamos chegar no bandido, no chefe. E chegamos. Estamos investigando essas pessoas, que certamente serão presas", destacou. "Quando sai uma denúncia de corrupção no meio do meu governo, é normal que num primeiro momento as pessoas pensem que foi no governo Lula. Nós temos consciência do que aconteceu porque foi a PF e a CGU que levantaram a denúncia e o povo brasileiro que vai pagar", afirmou em outro ponto da entrevista.

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