Lewandowski na Câmara: embate com oposição pode expor vácuo no poder de defesa do governo; análise
Ministro da Justiça deve prestar esclarecimentos a deputados sobre a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN)
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, "estreia" na Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (16): a partir das 14h, fala aos parlamentares sobre a fuga de dois detentos da Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Mossoró (RN), presos em 4 de abril após 50 dias, e combate ao crime organizado. O jornalista Leonardo Cavalcanti analisou o assunto no Brasil Agora de hoje e contou que a ida do ministro pode reforçar problemas que o governo Lula têm enfrentado para se defender na arena política.
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Segundo Cavalcanti, o perfil técnico de Lewandowski e de outros ministros importantes, como a da Saúde, Nísia Trindade, expõe "vácuo de poder de defesa do governo".
"Hoje, espera-se que ele diga quais medidas tomou [para prender os fugitivos], o que se buscou sobre o que aconteceu na fuga e prometa que isso não vai mais acontecer. É claro que a oposição vai se aproveitar disso para fazer política", apontou Cavalcanti em conversa com os apresentadores Murilo Fagundes e Iasmin Costa.
O convite a Lewandowski para a Comissão de Segurança Pública partiu de requerimentos dos deputados Sanderson (PL-RS), Rodolfo Nogueira (PL-MS), Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), Sargento Gonçalves (PL-RN) e Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP).
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Na reunião, parlamentares devem questionar o ministro sobre a suposta contratação de empresa "laranja" para obras no presídio de Mossoró e quais medidas o governo adotou em penitenciárias federais para evitar novas fugas.
Também podem surgir questionamentos sobre programas de proteção voltados a profissionais de segurança pública e políticas de combate à exploração sexual de menores de idade e tráfico humano.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve levar uma tropa de choque para tentar blindar o ministro em caso de embate com a oposição.
"Agora, esperar que o governo Lula seja defendido por Lewandowski com a eloquência que era defendido por [Flávio] Dino [ex-ministro da Justiça e, desde fevereiro, ministro do STF] é, de fato, querer demais. Isso não vai acontecer", analisou.