Em meio a debate sobre autonomia do BC, Kajuru chama Campos Neto de ‘desprezível’ e ‘antibrasileiro’
Críticas foram feitas pelo senador durante sessão na CCJ que discutia PEC do BC
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O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) chamou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, de “ser desprezível” e “antibrasileiro”, durante sessão desta quarta-feira (17) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
A fala foi feita em meio à discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que concede autonomia financeira ao BC, defendida por Campos Neto. + "Ânsia de Lula em debater juros com Campos Neto faz presidente do BC crescer", diz Edinho Silva
"Comigo não tem entendimento, comigo não tem acordo. Meu voto já está antecipado, ele é público. Enquanto estiver no Banco Central um antibrasileiro, um ser desprezível, como Roberto Campos Neto, eu não teria coragem de assinar autonomia nenhuma a ele. Uma coisa é você oferecer autonomia a um Banco Central que tenha um presidente que não age politicamente, que não trabalhe contra o Brasil. Ele odeia o presidente Lula, essa é a verdade. É algo pessoal deste, repito, desprezível Roberto Campos Neto”, disse Kajuru. O SBT News entrou em contato com o Banco Central para um posicionamento, mas ainda não obteve retorno.
A relação do presidente do BC com o governo Lula tem sido tensionada com recentes desgastes, em meio a uma resistência da instituição em fazer cortes incisivos na Taxa Selic. O chefe do Executivo e aliados já fizeram repetidas críticas a Campos Neto publicamente. + O mais importante para um presidente do BC é "ter a firmeza de dizer não", diz Campos Neto
A situação se agravou em junho, quando o presidente da instituição compareceu a um jantar promovido para ele pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), opositor de Lula. O argumento dos críticos é de que a presença de Campos Neto no evento foi uma sinalização política de uma autoridade que precisa se manter isenta.
PEC
A proposta foi colocada na pauta desta quarta (17) da CCJ do Senado, mas foi adiada após pressão do governo federal, que não está satisfeito com o texto atual, do relator Plínio Valério (PSDB-AM).
O presidente da comissão, Davi Alcolumbre (União-AP), já disse que só pretende levar a matéria para votação, de fato, caso haja um acordo entre o Executivo e os parlamentares. O objetivo é evitar que a proposta sofra uma derrota no colegiado, diante da incerteza de como ficaria um placar na disputa por voto a voto, sem acerto firmado.
A PEC, de autoria do senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), torna o Banco Central, que hoje é uma autarquia especial, em empresa pública de natureza especial, o que daria maior autonomia à instituição.
Atualmente, o BC já possui independência operacional, mas o texto prevê que a instituição passe a ter também autonomia técnica, administrativa, orçamentária e financeira. Com isso, o banco não teria ligação a nenhum órgão público e seu orçamento seria desvinculado dos repasses da União, passando a funcionar com receita própria, gerida por sua equipe.
Os senadores e o governo buscam um modelo que represente um meio termo entre autarquia especial e empresa pública. Já existe uma proposta na mesa, colocada pelo próprio Banco Central, mas, como a negociação ainda é preliminar, não houve tempo hábil para chegar a um consenso antes do recesso.