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Política

Governo e Congresso disputam narrativa após decisão de Moraes sobre IOF

Decisão do ministro sugeriu audiência de conciliação para apaziguar relação entre poderes, mas acabou alimentando o embate entre os poderes

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A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de suspender, de forma simultânea, os efeitos do decreto do presidente Lula que aumentava o IOF e do decreto legislativo que derrubava esse aumento, foi recebida publicamente com comemoração pelos dois lados.

Na prática, contudo, a medida inaugurou uma disputa política sobre o significado da própria decisão. Integrantes do governo federal afirmam que Moraes reconheceu com seu voto uma violação à separação dos poderes por parte do Congresso. Do outro lado, líderes da Câmara afirmam que a suspensão da cobrança comprova que o STF agiu em alinhamento com a maioria parlamentar de não criar mais impostos.

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Alexandre de Moraes determinou a realização de uma audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo no próximo dia 15 de julho, em Brasília. Também concedeu cinco dias para que os dois poderes expliquem as razões que motivaram seus atos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a legalidade do decreto presidencial e elogiou Moraes. "A decisão do ministro Alexandre busca esse caminho de mostrar até que ponto cada poder pode ir, delimitando qual o papel de cada poder. Isso é ótimo para o país", disse o ministro em um evento no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (4.jul).

“Se eu entendesse o decreto do presidente como irregular, eu não teria proposto. O que a Fazenda fez foi inibir a sonegação de impostos”, completou.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, foi na mesma linha e destacou, em nota, que a decisão sinaliza respeito à separação de poderes e disse que a AGU irá demonstrar a constitucionalidade da medida durante a audiência convocada pelo STF.

“O voto do ministro-relator entende como razoável e plausível a argumentação da União sobre a violação do princípio da separação de poderes, conforme sustentado pela Advocacia-Geral da União (AGU). Além disso, destaca a necessidade de esclarecer a dúvida levantada pelo Congresso Nacional sobre possível desvio de finalidade dos decretos presidenciais, especialmente em razão do caráter fiscal das medidas”, apontou Messias.

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Já o presidente da Câmara, Hugo Motta, escreveu nas redes sociais que o STF agiu em sintonia com o Legislativo.

“A decisão do ministro Alexandre de Moraes evita o aumento do IOF em sintonia com o desejo da maioria do plenário da Câmara dos Deputados e da sociedade. Continuamos abertos ao diálogo institucional, com respeito e serenidade, sempre em busca do equilíbrio das contas públicas e do crescimento sustentável da economia”, escreveu Motta.

A mesma leitura foi feita por outros líderes da Casa, que consideraram o recuo do imposto uma vitória política.

2026 é logo ali

Com a disputa jurídica ainda em aberto e a comunicação política em ritmo acelerado, o caso do IOF mostra como temas fiscais podem rapidamente se tornar catalisadores de discursos que visam muito mais que à arrecadação: visam à próxima eleição.

O embate ganhou força nas redes sociais. Apoiadores do presidente Lula usaram o episódio para reforçar a narrativa de que o governo busca justiça tributária e enfrenta resistência do Congresso ao tentar taxar os mais ricos. Parlamentares, por sua vez, acusam o Executivo de extrapolar seu poder regulamentar e aumentar impostos sem diálogo.

O pano de fundo da disputa é fiscal, mas também eleitoral. A suspensão do aumento do IOF pode gerar uma perda de cerca de R$ 10 bilhões na arrecadação de 2025, segundo o Ministério da Fazenda.

+ IOF: Moraes suspende decreto do governo e decisão do Congresso; audiência de conciliação é convocada para julho O governo alerta que cortes em áreas como saúde e educação podem ser inevitáveis se a medida não for revertida. Ao mesmo tempo, a escalada retórica revela um esforço de posicionamento político que antecipa os contornos da disputa de 2026.

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