Gigi Castilho, vereadora do Rio, é alvo de buscas em operação contra desvio de verbas de creches
Em apenas seis meses, foram realizados mais de 800 saques das contas de uma unidade educacional, somando R$ 1,7 milhão; marido e filhos também são alvos


Emanuelle Menezes
Isabella Antais
A vereadora do Rio de Janeiro Gigi Castilho, do Republicanos, foi alvo de uma operação da Polícia Civil contra fraudes em contratos e desvio de recursos públicos de creches, nesta terça-feira (4).
De acordo com as investigações da Delegacia de Defraudações, a vereadora e o marido, Luciano Carvalho, usavam uma rede de creches na Zona Oeste do Rio para desviar verbas da Secretaria Municipal de Educação. Além dos dois, também foram alvos da ação dois filhos do casal: Andreza Adão e Caio Perpétuo.
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Segundo a polícia, empresas de fachada simulavam serviços superfaturados para as creches por meio de notas fiscais frias, que eram pagas com dinheiro repassado pela prefeitura.
Entre as empresas fantasmas está uma padaria em nome de Andreza, filha da vereadora, que recebeu mais de R$ 97 mil entre 2022 e 2023. Já uma confecção registrada em nome de Valmir Coutinho, apontado como amigo e ex-cabo eleitoral de Gigi Castilho, recebeu R$ 475 mil das creches para fabricar uniformes no mesmo período.
Mas foi uma outra movimentação que chamou a atenção da polícia. Em apenas seis meses, uma das creches conveniadas recebeu aproximadamente R$ 9 milhões de verbas. Nesse mesmo período, foram realizados 816 saques em dinheiro das contas da unidade, somando R$ 1,7 milhão. Segundo os investigadores, a movimentação é incompatível com o perfil de unidades educacionais.
Ao todo, quinze empresas ligadas a parentes e pessoas próximas à vereadora são investigadas. Desde 2019, as creches que atendem cerca de duas mil crianças receberam mais de R$ 64 milhões da Secretaria Municipal de Educação.
Na manhã desta terça, assim que chegaram à casa da vereadora, os agentes encontraram o portão aberto, mas não havia ninguém no imóvel. Depois de vasculhar o local, policiais apreenderam documentos. Ao todo, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão.
Em nota, a vereadora afirmou que não teve acesso ao inquérito policial e, portanto, não tem conhecimento sobre os fatos investigados. Ela confirma que trabalhou em uma das creches investigadas, como diretora pedagógica, mas que jamais exerceu função de direção financeira, "não sendo responsável por contratações de prestadores de serviço e prestações de contas e ou pagamentos ".
Leia nota da vereadora na íntegra:
Venho a público manifestar-se acerca da diligência realizada pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro no dia 4 de novembro de 2025, referente a um mandado de busca e apreensão em minha residência, conforme veiculado pelos meios de comunicação.
Esclareço, desde já, que não tive acesso ao inquérito policial, nem tampouco ao procedimento judicial cautelar que culminou com a expedição do mandado de busca e apreensão, não tendo, portanto, conhecimento acerca dos fatos investigados.
Com relação a matéria veiculada nos meios de comunicação, informo que trabalhei na Creche Comunitária Deus é Fiel como diretora pedagógica, até o mês de março do ano de 2024, não tendo jamais exercido qualquer função de direção financeira, não sendo responsável por contratações de prestadores de serviço e prestações de contas e ou pagamentos tendo sempre atuado na área de gerenciamento pedagógico da instituição.
Reitero, igualmente, minha plena confiança nas instituições brasileiras e que, tão logo seja possível, todos os fatos serão devidamente esclarecidos por meio da defesa técnica devidamente constituída nos autos do processo judicial.









