Política

Filho de Lula coloca esposa como administradora de suas empresas em meio a caso INSS

Fábio Luis, o Lulinha, solicitou alteração no começo do mês; advogado diz que foi medida meramente burocrática

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Lulinha | Reprodução

Filho do presidente Lula (PT), Fábio Luis Lula da Silva, conhecido como Lulinha, passou a administração de três empresas para a esposa, Renata de Abreu Moreira, no começo de dezembro, período em que se tornaram conhecidas as citações ao seu nome nas investigações sobre descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

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Ele não é investigado pela Polícia Federal no caso. O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), protocolou requerimento de convocação do filho do presidente na sexta-feira (19), na codição de testemunha.

Fábio, que é sócio único das empresas, solicitou a nomeação de Renata como administradora nos dias 1º e 10 de dezembro, e a Junta Comercial de São Paulo processou a alteração nos dias 10 e 11.

Foi no dia 4 do mesmo mês que o portal Poder360 revelou que integrantes da CPMI do INSS haviam tido acesso ao depoimento à PF de Edson Claro, ex-funcionário do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. Claro afirmou que o filho de Lula recebia uma mesada de R$ 300 mil do lobista.

Segundo especialistas ouvidos pelo SBT News, a nomeação de administradores serve para atribuir responsabilidades e direitos administrativos para outras pessoas, de acordo com eventuais necessidades ou dificuldades gerenciais dos sócios.

Procurado pela reportagem, Fábio não se manifestou. O advogado Marco Aurélio Carvalho, que é próximo de Fábio e já o representou em outros casos, afirma que foi apenas uma mudança burocrática, para facilitar operacionalmente a atividade profissional. O filho do presidente não constituiu advogado para tratar do caso INSS.

A alteração das empresas

Como administradora, Renata se tornou representante das empresas e, com isso, ganhou autorização para movimentar contas bancárias, comprar e vender bens e responder por elas na Justiça. Os novos contratos sociais das empresas sublinham que ela está autorizada a representar individualmente as empresas.

Fábio manteve sua participação como único sócio das empresas G4 Entretenimento e Tecnologia Digital e BR4 Participações, criadas em 2004, e LLF Tech Participações, em fevereiro de 2022.

A G4 e a BR4 fizeram parte do caso Gamecorp, do qual Fábio foi o protagonista durante os primeiros mandatos de seu pai como presidente, de 2003 a 2010. A Gamecorp, empresa de Fábio e dos sócios Kalil e Fernando Bittar, teria recebido ao menos R$ 103 milhões da empresa Oi/Telemar para prestar serviços para os quais não tinha capacidade de entrega, segundo a PF e o Ministério Público Federal na época.

Era no nome de Bittar que estava registrado o sítio Santa Bárbara, que se tornaria conhecido como “sítio de Atibaia”, epicentro das investigações da Lava Jato após a revelação de que empreiteiras com contratos públicos haviam feito reformas na propriedade utilizada por Lula – que sempre negou qualquer irregularidade e teve sua condenação por corrupção anulada pelo STF em 2021.

A BR4 era a sócia majoritária da Gamecorp, e tinha a G4 e a Espaço Digital, que pertencia a Leonardo Badra Eid, como proprietárias. Em 2022, a investigação sobre o caso no âmbito da operação Lava Jato foi arquivada.

As empresas G4 e LLF Tech têm como áreas de atuação tecnologia da informação, marketing, produção cinematográfica, entre outras atividades. A BR4, por sua vez, é uma holding, ou seja, tem a participação em outras sociedades como seu objeto social.

No caso da última empresa, Fábio também renunciou formalmente à sua função de sócio, mas dado que a proprietária da BR4 é a G4, da qual ele é dono único, ele manteve a participação.

A esposa de Fábio seria muito próxima da empresária Roberta Luchsinger, que foi alvo de operação de busca e apreensão da Polícia Federal na quinta-feira (18), no âmbito da operação Sem Desconto.

Segundo a PF, Roberta teria recebido R$ 1,5 milhão de Antunes, o Careca do INSS, para participar da organização criminosa de desvio de recursos. Ela nega e diz que sua relação com Antunes restringiu-se à tentativa de parceria no mercado de canabis medicinal, que não prosperou.

O advogado Marco Aurélio Carvalho, que também é coordenador do Grupo Prerrogativas, afirma que Fábio e suas empresas não têm qualquer relação com os fatos investigados, o que será comprovado ao final da investigação.

“Fábio está tranquilo, para ele não chega a ser surpresa a tentativa de envolvimento do seu nome no caso, como aconteceu diversas outras vezes, para atingir seu pai”, diz Carvalho, acrescentando que seu amigo buscará reparação na Justiça por crimes contra a honra.

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