Dirigente nacional do PT defende que volta de Marta à sigla seja votada
Atualmente sem partido, a ex-prefeita de São Paulo precisa de uma legenda para disputar as eleições de 2024 como vice na chapa encabeçada por Guilherme Boulos
Guilherme Resck
O dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) Valter Pomar, historiador e líder da tendência (da sigla) Articulação de Esquerda, defendeu, na terça-feira (9.jan), que uma eventual volta da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy ao PT deve ser decidida em votação.
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"Existem opiniões diferentes sobre o efeito eleitoral de Marta como vice de [Guilherme] Boulos. Seja como for, Marta poderia ser vice de Boulos, sem estar filiada ao PT. Mas, segundo consta, essa seria uma condição estabelecida por ela. Como é óbvio, também existem opiniões diferentes sobre Marta voltar ao PT. Defendo que o assunto seja levado a voto no Diretório Nacional do PT e, assim sendo, votarei contra", escreveu Pomar em seu blog, na terça-feira.
"O motivo principal é: senadora eleita pelo PT, Marta traiu seu eleitorado e seu Partido, votando a favor do golpe contra Dilma", prosseguiu, chamando de "golpe" o impeachment da ex-presidente.
"Desconheço que ela [Marta] tenha feito alguma autocrítica a respeito. E, em qualquer caso, não vejo porque trazer de volta para casa quem praticou tamanha violência".
Marta deixou a gestão de Ricardo Nunes (MDB), em São Paulo, para integrar como vice a chapa do principal oponente do emedebista nas eleições municipais de 2024: Guilherme Boulos, do Psol.
O principal articulador da aliança entre Boulos e a ex-prefeita foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, Marta está sem partido e, segundo a legislação eleitoral, tem até abril para se filiar a alguma sigla. Não é possível disputar uma eleição sem estar filiado a uma sigla, e ela deve deve tentar voltar ao PT, partido que abandonou em 2015.
Estatuto
Nesta quarta-feira (10.jan), Valter Pomar voltou a falar da possível refiliação de Marta ao PT, em seu blog.
Ele afirmou que, para que ela volte à sigla, "não basta o apoio de quem quer que seja, mesmo que esse alguém seja o presidente da República e principal liderança do Partido".
"Segundo o estatuto do PT, cabe uma decisão formal a respeito, decisão que compete à direção do Partido".
Ainda na publicação, afirmou: "Tendo em vista a relevância nacional do caso, defendo que a decisão [sobre o retorno de Marta] seja tomada pelo Diretório Nacional, mesmo que sob a forma de recurso. E defendo que a direção não aceite a filiação".
O motivo principal, disse, é que ela "traiu seu eleitorado e seu Partido, ao participar do golpe contra Dilma".