Desfile de 7 de Setembro dá recados a Trump e destaca símbolos nacionais
Desfile teve lema Brasil Soberano e gritos contra anistia na Esplanada; em ato da oposição, Michelle disse que Bolsonaro está “humilhado" e criticou STF

Murilo Fagundes
O tradicional desfile cívico-militar de 7 de Setembro foi realizado neste domingo (07) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da primeira-dama Janja da Silva, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), além de ministros e autoridades do governo federal.
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Segundo a Secretaria de Comunicação Social, cerca de 45 mil pessoas acompanharam a cerimônia. A edição deste ano teve como lema “Brasil Soberano”, adotado pelo governo em resposta ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Durante a cerimônia, parte do público presente gritou “sem anistia”, em referência ao projeto em discussão no Congresso para beneficiar condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O esquema de segurança incluiu pontos de revista, restrição de objetos, drones e equipes posicionadas em áreas estratégicas. Não houve registro de ocorrências graves, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
A programação apresentou inovações, como um bandeirão de 140 metros quadrados, a participação do Curupira, mascote da COP30, e equipes do Ibama especializadas em prevenção e combate a incêndios florestais. Entre as atrações tradicionais, estiveram a pirâmide humana da Polícia do Exército e o show da Esquadrilha da Fumaça.
Na tribuna de honra, estavam ministros como Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte). Os dois são pressionados por seus respectivos partidos para deixarem o governo Lula.
Além das presenças, chamou atenção a ausência dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, viajou à França, e Alexandre de Moraes, que havia participado em anos anteriores, não compareceu.
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Atos paralelos
A cerca de três quilômetros da Esplanada, a oposição realizou uma manifestação paralela. Os organizadores falaram em 30 mil participantes. O ato reuniu parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), deputados e ex-ministros.
Durante o evento, foi transmitida uma mensagem de áudio de Michelle Bolsonaro. Na gravação, a ex-primeira-dama afirmou que o marido está “humilhado e preso” e fez críticas ao Supremo Tribunal Federal. O ato teve ainda gritos contra o presidente Lula, pedidos de impeachment de ministros da Corte e apelos ao ex-presidente americano Donald Trump.
Em outro ponto de Brasília, movimentos sociais promoveram o tradicional Grito dos Excluídos. A mobilização trouxe reivindicações como a redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6x1 e maior taxação sobre os super-ricos. Entre os presentes, esteve o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Os organizadores não apresentaram estimativa de público.