Delação de Cid tem que ser anulada, diz Eduardo Bolsonaro
Em entrevista ao SBT durante Conferência Conservadora que acontece em Washington, filho de ex-presidente diz que "quem tem que dar explicações é o Flávio Dino"
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Patrícia Vasconcellos
A Conferência Conservadora reúne anualmente nos Estados Unidos nomes desse universo político e também da sociedade civil. Neste ano, em quatro dias, o encontro acontece em um hotel de Maryland, no entorno da capital americana. Na quinta-feira (20), Elon Musk subiu ao palco. O empresário e agora líder do Departamento de Eficiência Governamental conversou no palco com o presidente argentino. Javier Milei deu a ele uma serra elétrica como presente. "É a serra da desburocracia", disse Musk.
Nos corredores da convenção, stands de veículos americanos dividem espaço com organizações que vendem souvenirs e debatem temas convergentes dos apoiadores da ala mais conservadora do país.
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Na quinta-feira (20), o nome brasileiro no palco da CPAC foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Nesta sexta-feira (21), ele voltou à convenção e concedeu uma entrevista ao SBT. O parlamentar falou sobre o contato que tem mantido com integrantes republicanos no Congresso dos Estados Unidos sobre temas ligados aos conteúdos das redes sociais. O parlamentar brasileiro também comentou a delação premiada de Mauro Cid, cujos vídeos foram liberados por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
"A coação premiada do Cid? Ou falo o que eu quero, ou você vai para a cadeia e ainda vou processar a sua filha? Mandar ela para a cadeia? Pelo amor de Deus... A própria lei da delação premiada fala que o juiz não pode participar dos interrogatórios, e o Alexandre de Moraes participou", disse o parlamentar.
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Eduardo Bolsonaro ainda afirmou que a delação de Mauro Cid precisa ser anulada. "Como ela, a delação, é o que sustenta toda essa narrativa falaciosa de golpe, que eu chamo de golpe da Disney, porque o Bolsonaro estava na Disney no dia do, entre aspas, golpe, se a delação dele for anulada, todo esse processo vai cair".
O parlamentar fala em abuso de poder. "Em qualquer democracia normal ele já teria sido afastado, não tem a mínima possibilidade de um cidadão que não é mais presidente ser processado na Suprema Corte. Se você falar para um americano aqui que um cidadão comum está sendo processado originalmente na Suprema Corte, sem direito à apelação, ele vai tomar um susto."
O SBT questionou o deputado se haveria algo a dizer sobre o que foi dito sobre ele, especificamente, na delação premiada de Mauro Cid. Segundo o ajudante de ordens de Bolsonaro, Eduardo seria a favor da tentativa de golpe, enquanto o senador Flávio Bolsonaro, seu irmão, seria contrário.
"Não tenho nada. Qual poder eu tenho para dar golpe? O que aconteceu de golpe? Então tá, o presidente Jair Bolsonaro esperou deixar de ser presidente para ir dar um golpe quando ele já não era mais chefe das Forças Armadas... Aí botou senhoras, como ele assina, de 71 anos diante de uma tropa desarmada, num dia em que não foi apreendida nenhuma arma, um janeiro que é férias em Brasília, de um domingo com prédios vazios, afirmou. "Quem tem que dar explicações é o Flávio Dino, que é o ministro da Justiça, que não deu as câmeras do Ministério da Justiça. Será que ele facilitou? Ele viu de camarote tudo aquilo? Quem são as autoridades que estavam com ele? Que horas eles chegaram lá? O que o Flávio Dino teme que ele não dá essas câmeras? Não... Essas são as verdadeiras perguntas.
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"Por que estão indiciando todo mundo e não estão indiciando o general que abriu as portas do Palácio e serviu água, talvez até cafezinho, para os golpistas terroristas? Porque teve gente que foi lá também e quando iam depredando, eles iam atrás consertando, colocando as coisas nos lugares, pedindo para que não houvesse aquela baderna. Então, na verdade, isso aí foi uma manifestação que foi longe demais, mas não dá para você condenar pessoas até 17 anos de cadeia. Isso é uma crueldade sem fim." O parlamentar afirma que acredita que o Congresso irá aprovar a anistia nestes casos.
A CPAC termina no sábado (22) e ainda terá participação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de outros integrantes da atual gestão.