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Política

Crise com Trump divide oposição ao governo e reforça impasse sobre tarifa de 50% contra o Brasil

Enquanto Lula evita ceder a pressões e busca negociar até agosto, bolsonaristas condicionam acordo a anistia e acirram tensão diplomática

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Enquanto o governo Lula reforça que não vai ceder à pressão externa e afirma que pretende negociar o tarifaço de 50% imposto pelos EUA até o dia 1º de agosto, a oposição à gestão petista mostra sinais de divisão sobre como lidar com a crise diplomática.

A carta enviada por Donald Trump ao presidente brasileiro escancarou as divergências. Parte da oposição defende o diálogo institucional. O deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, criticou Lula, mas sinalizou disposição para colaborar, caso o governo convoque os parlamentares.

"Ele criticou o presidente Trump na eleição. Vive criticando a política econômica e toda a performance internacional do presidente Trump. E ele vai ter que sentar à mesa e negociar. E se ele pedir ajuda a nós, como oposição, estamos dispostos a ajudar" afirmou o parlamentar.

Já o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, assumiu posição mais radical. Em vídeo direcionado a empresários e produtores rurais, condicionou qualquer acordo com os EUA a uma anistia ampla, que inclua o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por crime de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também entrou na discussão. Após procurar a embaixada americana, afirmou neste sábado (12) que sua prioridade são os interesses paulistas.

"A competência para fazer a negociação é do governo federal, da diplomacia brasileira. Diplomacia brasileira que, ao longo dos anos, sempre se saiu muito bem", afirmou. "É questão de ponto de vista, nesse momento tenho que olhar o estado de São Paulo, sou o governador, existem interesses que precisam ser preservados, interesses das nossas empresas, dos nossos produtores. É isso que a gente tem que botar em primeiro lugar."

+ Tarcísio diz que negociação de tarifaço dos EUA cabe ao governo federal

Enquanto isso, o governo Lula mantém a posição de que não há o que negociar sobre os processos judiciais sobre o 8 de janeiro, e trabalha no Congresso para barrar tentativas de anistia. A expectativa é de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), não leve o tema ao plenário.

“É um escândalo. Estão usando a tarifa como chantagem. A carta de Trump foi articulada com a família Bolsonaro. A mensagem é: ou soltam Bolsonaro, ou vamos penalizar o país. Querem prejudicar o Brasil”, disse o deputado Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara.

Com menos de três semanas para o início das tarifas, o Brasil ainda não iniciou oficialmente a negociação com os EUA. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira (11) que vai conversar com Lula em "algum momento, mas não agora".

+ Michelle Bolsonaro critica Lula em carta e defende "paz e diálogo" após tarifaço de Trump

Para a professora e especialista em direito internacional Priscila Caneparo, o posicionamento de parte da oposição pode ser danoso à soberania nacional:

"A pressão por uma anistia pode ser um tiro no pé. Estão buscando o caminho errado, com a intromissão de outro país em nossa política. O caminho diplomático é o mais adequado."
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