CPMI tem bate-boca entre advogado do "Careca do INSS" e parlamentares
Antônio Carlos Camilo Antunes é apontado como principal facilitar dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas

Camila Stucaluc
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu, nesta quinta-feira (25), Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ele é apontado como peça-chave no esquema, descoberto pela Polícia Federal em abril.
A sessão chegou a ser suspensa por alguns minutos após tumulto e bate-boca. O relator, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), afirmou que a CPMI estava "diante do autor do maior roubo dos aposentados e pensionistas da história do Brasil". A declaração gerou reação imediata da defesa.
O advogado do "Careca do INSS", Cleber Lopes, se exaltou e levantou a voz. Parlamentares se alteraram. O deputado Zé Trovão (PL-SC) chegou a se levantar e foi em direção à mesa diretora. "O senhor não tem direito de falar aqui", gritou. Os ânimos foram acalmados e a sessão recomeçou.
Entenda
O Careca do INSS já havia sido convocado para comparecer no colegiado em 15 de setembro, mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou a presença facultativa, o que fez o empresário cancelar o depoimento. Diante da recusa, Tânia Carvalho e Romeu Antunes, esposa e filho de Antunes, foram convocados, assim como sócios do empresário.
Preso desde 12 de setembro, Antunes é apontado como o principal facilitador dos descontos indevidos em pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS, que somaram um prejuízo estimado de R$ 6,3 bilhões.
CPMI prende sócio de Antunes
Em uma das oitivas realizadas nesta semana, a CPMI determinou a prisão em flagrante de Rubens Oliveira Costa, associado de Antunes, por falso testemunho. Os parlamentares alegaram que o empresário mentiu durante o depoimento, contando a mesma história com fatos diferentes, e ocultou documentos do colegiado.
Costa seria um operador a serviço de Antunes. Ele trabalhava em diversas empresas que apareceram na investigação, sendo apontado como o responsável por sacar o dinheiro desviado de aposentados e pensionistas e entregá-lo para os chefes do esquema.
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A voz de prisão foi dada por Viana, no fim da oitiva. “Quando alguém esconde a verdade aqui dentro [CPMI], é um desrespeito especialmente aos aposentados. Está muito claro, pelas documentações que nós temos, que o esquema era totalmente conhecido pela testemunha. Diante das mentiras constatadas, das contradições flagrantes e da ocultação de documentos, está constatado o crime de falso testemunho”, disse.









