Bolsonaro diz que operação da PF foi para "esculachar" e nega Abin paralela
Ex-presidente afirmou ser perseguido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes e que nunca usou estruturas paralelas para "perseguir ou chantagear"
SBT News
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que consultava pessoas que faziam parte de sua “inteligência particular” enquanto estava no governo, mas negou a existência de uma Agência Brasileira de Inteligência (Abin) "paralela". Em entrevista à Jovem Pan News, nesta segunda-feira (29), Bolsonaro afirmou que a intenção das buscas contra o filho na mesma casa em que ele estava, em Andra dos Reis (RJ), tinha a intenção de o “esculachar”.
“Não existia Abin paralela para proteger quem quer que seja, afinal de contas que crime nós cometemos? Agora, é uma perseguição implacável com a intenção de me esculachar. Quem tem coisas boas a falar com busca e apreensão na sua casa? Eu não tenho nada a ver sobre busca e apreensão [...] vieram em cima de uma casa que eu estou porque eles esperavam, certamente, pegar todos os filhos juntos aqui”, disse o ex-presidente.
Bolsonaro ainda afirmou ter sido alvo de uma “perseguição implacável” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e negou ter usado de estruturas do governo para perseguir adversários ou agentes públicos.
“Eu nunca usei de nada para chantagear, intimidar quem quer que seja. Eu fui perseguido ao longo de quatro anos quase que diariamente por decisão da Suprema Corte para informar algo em 24h ou 48h. Você não viu nada contra o atual governo”, reclamou.
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Bolsonaro ainda afirmou que não contava com as inteligências da Abin, da Polícia Federal ou das Forças Armadas, e que consultava uma “inteligência particular”.
"Eu tinha minha inteligência particular, que não é um braço da Abin ou da Polícia Federal. Essa inteligência particular são pessoas que conheço no Brasil e ao redor do mundo, que sempre quando algo acontece, eu ligo para essas pessoas e pergunto se é verdade ou não aquilo que está acontecendo”, alegou.
A operação
As buscas da nova fase da Operação Vigilância Aproximada, da Polícia Federal, nesta segunda-feira (29), tiveram como alvo central o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos). O "filho 02" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é investigado como chefe do núcleo político da "Abin paralela", que teria funcionado na Agência Brasileira de Inteligência, monitorando adversários e produzindo relatórios para o clã Bolsonaro clandestinamente.
O "núcleo de inteligência" paralelo da Abin era comandado pelo então diretor-geral da agência, o delegado da PF Alexandre Ramagem - que foi alvo das buscas da primeira fase da Vigilância Aproximada, na última quinta (25).
O SBT News apurou que a PF considera que Carlos Bolsonaro era o principal líder político e destinatário dos informes produzidos pela equipe da "Abin paralela". "Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público", destaca a PF, em nota.
Além da proximidade com Ramagem, Carlos tinha influência sobre os policiais federais destacados para integrar a Abin no período - sete policiais foram alvos na primeira fase.