Aliados defendem que Lula anuncie Gleisi como ministra na próxima semana
Presidente decidirá alterações em cargos que estão na mira do PT antes de negociar efetivamente com integrantes do chamado “Centrão”
Murilo Fagundes
Correligionários defendem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncie a deputada Gleisi Hoffmann como ministra já na próxima semana. Isso porque as negociações efetivas com os partidos do denominado “Centrão” só devem começar depois de Lula acertar o futuro de integrantes de seu partido, e aliados querem acelerar a tramitação desse processo.
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O destino mais propenso para Gleisi é a Secretaria-Geral da Presidência, ministério muito próximo ao gabinete presidencial, que, dentre outras atribuições, cuida da articulação do Executivo com os movimentos sociais. A pasta atualmente é ocupada pelo ministro Márcio Macêdo, também do PT.
Outro caminho discutido seria o Ministério do Desenvolvimento Social, atualmente chefiado pelo ministro Wellington Dias (PT-PI). O ex-governador, que foi eleito senador em 2022, regressaria à Casa Alta como parlamentar para abrir espaço à colega de partido.
Aliados de Lula indicaram ao presidente que as trocas precisariam ser feitas na próxima semana mesmo que a agenda esteja cheia de viagens. O chefe do Executivo pretende cumprir os seguintes compromissos:
- sexta-feira (7/2): viagem a Paramirim, no interior da Bahia para lançar o programa “Água para Todos – Bahia”, que leva água à região, distante 650 km de Salvador;
- quinta-feira (13/2): viagem a Macapá para uma cerimônia de cessão de terras federais ao estado e para evento do Minha Casa, Minha Vida.
- sexta-feira (14/2): viagem a Belém para compromissos relacionados à COP30.
A ideia é que as principais mudanças sejam feitas antes do Carnaval, evento que acontece na primeira semana de março para que, na volta dos trabalhos do Congresso, a pauta governista possa caminhar já com os apoios mais consolidados dentro dos partidos.
Chegada do Centrão
Passada a fase de ajustes ligados ao PT, Lula seguirá para conversas mais aprofundadas com integrantes do “Centrão”. Na atual formação da Esplanada, o partido menos representado é o PSD, com reclamações vindas principalmente da ala de deputados da sigla.
Desse modo, o PSD, de Gilberto Kassab, mira os ministérios do Turismo – hoje chefiado por Celso Sabino, do União Brasil – e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio – sob o comando do vice-presidente Geraldo Alckmin, do PSB.
A saída de Sabino representaria um revés para o União Brasil. E a de Geraldo Alckmin tiraria de jogo um aliado e indicado pessoal de Lula, mas abriria espaço para a chegada do PSD, com, possivelmente, a nomeação do senador Rodrigo Pacheco (PSD).
Há ainda uma ala no governo que defenda a inclusão da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) na Esplanda de Lula como ministra da Ciência e Tecnologia. Para esse grupo, a chegada de Tabata contribuiria para ampliar a quantidade de jovens e mulheres no primeiro escalão e reporia o espaço perdido pelo PSB se Alckmin deixar a pasta.
A possível saída de Alckmin também abriria espaço para, num futuro próximo, substituir José Múcio Monteiro no Ministério da Defesa. Múcio disse a aliados que fica mais um tempo no cargo, mas não pretende permanecer até o fim do 3º mandato de Lula.
Uma outra possibilidade de arranjo seria migrar o ministro Márcio França, das Pequenas Empresas para o MDIC de Alckmin e liberar espaço para algum partido de centro assumir a pasta ligada ao microempreendedorismo.
Quanto à articulação política, a ida de Alexandre Padilha da Secretaria de Relações Institucionais para outro ministério, como o da Saúde, não está descartada. Nesse caso, algum parlamentar de centro assumiria o cargo.
O nome de Isnaldo Bulhões (MDB-AL) é cogitado, mas, nesse caso, o MDB ficaria super-representado, com 4 ministros: Simone Tebet, no Planejamento e Orçamento, Renan Filho, nos Transportes, e Jader Filho, no Ministério das Cidades.