Governo e oposição assinam acordo eleitoral na Venezuela
EUA aliviaram sanções sobre petróleo, gás e ouro da Venezuela após o anúncio
Amanda Garcia
Os Estados Unidos aliviaram as sanções ao petróleo, ao gás e ao ouro da Venezuela como primeira resposta ao acordo político entre o regime de Nicolás Maduro e a oposição, para respeitar o calendário constitucional e estabelecer um roteiro para eleições presidenciais justas no segundo semestre do ano que vem. O acordo foi assinado nessa 3ª feira (17.out), em Barbados.
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Determinados bancos venezuelanos, antes proibidos de operar, serão agora autorizados. A suspensão de sanções por parte dos Estados Unidos é imediata, mas temporária, por apenas seis meses. Uma das condições, por exemplo, é que a Venezuela liberte presos políticos e cidadãos norte-americanos detidos.
No total, são 273 presos políticos na Venezuela. Nicolás Maduro já aceitou libertar 5 deles. Outras sanções ou restrições impostas pelos Estados Unidos contra a Venezuela continuam vigentes, como as relacionadas com o Irã e transações que possam beneficiar empresas ou investimentos russos.
O Brasil foi um dos protagonistas do acordo político. Em uma nota, publicada pelo Palácio do Planalto, o presidente Lula comemorou.
"Em um momento em que diferenças se aprofundam em outras partes do mundo, o entendimento entre as forças políticas venezuelanas mostra que o diálogo é capaz de trazer resultados efetivos", escreveu Lula.
A estabilização política da Venezuela é fundamental para a América Latina. Não só em relação aos milhões de venezuelanos que emigraram aos países vizinhos, mas também para a normalização das relações bilaterais e regionais, como o retorno do país ao Mercosul, que foi suspenso em 2017.
No entanto, a proibição da candidatura dos líderes opositores Henrique Capriles e María Corina Machado ainda é um obstáculo. O acordo não deixou claro se políticos inabilitados por Nicolás Maduro vão poder participar do pleito e deixou a porta aberta para qualquer arbitrariedade ao estabelecer vagamente que "a autorização de candidatos e partidos fica condicionada aos requisitos da lei". Ferrenha opositora ao regime de Maduro, María Corina Machado lidera as pesquisas para as eleições primárias, que acontecem no próximo domingo (22.out).