"Infelizmente se tornou lugar-comum falar em golpe de estado", diz presidente de CPMI
Arthur Maia afirma que comissão precisa "explicar ao Brasil o que aconteceu em 8 de janeiro"
Felipe Moraes
Presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas de 8 de janeiro, o deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA) deu entrevista ao programa Poder Expresso, do SBT News, e falou sobre os próximos passos do colegiado.
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Depoimento de Cid
Braço direito e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid depõe à CPMI nesta 3ª (11.jul). O tenente-coronel foi convocado por causa de mensagens com teor golpista encontradas em seu celular pela Polícia Federal (PF).
Maia disse esperar que o depoente "explique qual é realmente a natureza daquelas conversas". "É muito importante que a gente possa, na CPMI, entender e compreender qual o nível de envolvimento de pessoas que estavam no círculo muito próximo do ex-presidente da República com supostas ações com propósito de promover golpe de estado. Mesmo que ele não tenha acontecido. Mas é importante que essas conexões sejam identificadas e esclarecidas", observou.
Obrigado a comparecer à CPMI pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Cid poderá permanecer em silêncio para não produzir provas contra si. "Por outro lado", disse Maia, "ele tem a obrigação de responder sobre assuntos que ele tenha conhecimento e que não tragam nenhum tipo de incriminação contra a sua pessoa".
CPMI vai até setembro ou outubro
No momento, explicou Maia, a CPMI tem se debruçado sobre personagens que dizem respeito ao pré-8 de janeiro. Já prestaram depoimento nomes como Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), acusado de obstruir a movimentação de pessoas durante o segudo turno da eleição, George Washington, preso por plantar uma bomba no Aeroporto de Brasília, e o coronel Jean Lawand Júnior, que trocou mensagens de teor golpista com Cid.
"Esse é o primeiro momento. Depois, nós iremos chamar pessoas para apurar eventuais omissões ou falhas que tenham acontecido por parte da segurança. Posteriormente, vamos discutir o pós-8 de janeiro e saber a forma como aqueles que foram presos estão sendo tratados", pontuou Maia, que disse esperar que a CPMI seja concluída entre o fim de setembro e o começo de outubro.
Maia lamentou o fato de atos antidemocráticos terem se tornado frequentes nos últimos anos. "Me parece que, nos últimos tempos, infelizmente no nosso país começou a tomar lugar-comum as pessoas falarem em golpe de estado, em acabar com a democracia. Pessoas convocarem as Forças Armadas para destituir o regime democrático. Graças a Deus, as Forças Armadas brasileiras têm cumprido e honrado seu papel constitucional e não se envolveram com isso. Independente de, claro, um ou outro elemento ter tido esses devaneios golpistas", complementou o deputado.
O deputado deseja que a CPMI "explique ao Brasil o que aconteceu no dia 8 de janeiro". "Da mesma maneira, nós também temos que sugerir medidas, de proposta de projeto de lei, que nos defendam contra atos antidemocráticos", completou Maia.
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