Polícia

Roubo de vans cresce em SP e sucata se torna alvo de quadrilhas

Aumento no valor das peças e frota cara impulsiona crimes e abastece desmanches clandestinos

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Vans depenadas, carcaças empilhadas e modelos que, em alguns casos, têm como sobrevivente apenas a placa, são flagradas em desmanches espalhados por São Paulo. No mercado paralelo, a sucata virou moeda, e o crime, rotina. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, somente em setembro foram 76 roubos e furtos de vans no estado, uma média de dois ataques e meio por dia.

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Para especialistas, o aumento do crime tem um motivo: as peças. Caras, escassas e muitas vezes negociadas sem nota.

“O que acontece é que a própria vítima fomenta então vira um ciclo do crime onde há a procura por essas peças, os bandidos vão roubar vão colocar as peças à venda, e esse ciclo vai se renovar”, Rodrigo Boutti, especialista em transporte de cargas.

Não é difícil encontrar desmanches que funcionam a céu aberto em várias áreas da capital. Quando há demanda, a oferta vem do crime, com quadrilhas que roubam vans, depenam em minutos e revendem as peças com lucro rápido.

O prejuízo é tão alto que muitos proprietários e empresas de entrega preferem não renovar a frota, e têm feito manutenção nas vans usadas e antigas. O problema é que essa prática alimenta a procura por peças, o que tem feito o crime crescer.

Um dos motivos é o preço das vans novas. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostram que, entre 2023 e 2026, os modelos mais vendidos tiveram aumento acima da inflação:

• Renault Master: 19,9%

• Mercedes-Benz Sprinter: 27,9%

• Ford Transit: 43,4%

• Inflação: 13,7%

Com o preço no teto, a venda de vans e caminhões caiu 8% em todo o país, segundo o Renavam. Para quem trabalha com esse tipo de veículo, como Igor, o medo de assalto é constante. E foi o que aconteceu recentemente: a van de um cliente foi roubada e o motorista sequestrado.

“O veículo se encontrava numa situação de pós-venda no qual eu já tinha entregado pro meu cliente mas aconteceu um problema técnico e ele me devolveu e eu estava indo reparar para devolver pra ele”, diz Igor Fernandes Araujo, empresário.

O motorista, Bruno, foi feito refém durante o ataque. Ele conta que os criminosos agiram rapidamente e, em poucos minutos, a van foi totalmente desmontada. A polícia investiga de onde partiu a ordem para o roubo e para qual desmanche iriam as peças.

“Eles me tiraram da van, do veículo da empresa, saíram pra um lado e me colocaram no veículo da quadrilha, eles me seguraram por todo esse período da tarde exatamente pra desfazer do bem ou desfazer do bem”, lembra Bruno.

Com isso, o preço das vans continua subindo e a demanda por peças também. E o crime segue alimentando os estoques dos desmanches.

Para o especialista Rodrigo Boutti a única forma de quebrar esse ciclo é aumentar cada vez mais a fiscalização, a atualização do estado. Mas o consumidor também tem que fazer sua parte.

"O consumidor pode fiscalizar, a partir do momento que você adquire uma peça ela tem que ter uma nota fiscal, ela tem que ter uma origem”, alerta Boutti. .

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