Presos por propina: veja mensagens de Mcs e influenciadores coagidos por esquema de policiais civis
Quatro agentes foram detidos nesta sexta-feira (25); eles usaram investigação contra o sorteio de rifas nas redes sociais para cobrar dinheiro das vítimas
SBT News
A Polícia Federal em São Paulo prendeu em uma operação, na manhã desta sexta-feira (25), quatro policiais civis por organização criminosa, corrupção ativa e passiva.
Os suspeitos investigavam a prática de sorteios de rifas ilegais realizadas por influenciadores e "MCs" nas redes sociais, que poderia configurar crimes de exploração de jogos de azar, além de estelionato e lavagem de dinheiro. No entanto, o objetivo verdadeiro dos agentes era obter cobrar propina, a pretexto de não dar continuidade na investigação.
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A ação é um desdobramento das operações deflagradas em 12 de março e 12 de dezembro de 2024.
A primeira parte da operação intitulada Latus Actios, em março de 2024, apreendeu o celular do empresário Vitor Hugo dos Santos, que representa os MC's Ryan SP e Brisola. Foi essa apreensão que teria revelado os policiais investigados por corrupção.
O SBT News teve acesso à troca de mensagens em que os três negociaram e pagaram agentes civis para não serem investigados em esquemas milionários. Em uma das mensagens, MC Ryan afirma que sabia que as rifas promovidas por ele eram ilegais. No entanto, a maior preocupação dele era em perder a conta do Instagram, onde realizaria propagandas de bets e rifas proibidas.
Na ocasião, ele afirmou valer a pena repassar aos policiais "cinquentinha (R$50 mil), do que perder o Instagram, onde nois pode fazer milhões".

De acordo com a investigação, em uma das mensagens interceptadas após a apreensão do celular, Silas Rodrigues Santos, que é o MC Brisola, comentou sobre um suposto pagamento de 'propina' de R$ 20 mil que iria fazer para policiais civis de Santo André, na Grande São Paulo.
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Segundo a conversa de Brisola com o empresário, agentes do 6º Distrito Policial de Santo André fizeram uma "jogadinha" para ganhar dinheiro em troca de arquivar uma investigação de sorteios ilegais.


Nesta sexta-feira, ao todo, além de quatro mandados de prisão preventiva contra os policiais, a Polícia Federal cumpre cinco mandados de busca e apreensão, nas cidades de Santo André, Mauá e na capital paulista.
Em nota, o Ministério Público informou que as decisões foram expedidas pela 1ª Vara Criminal de Santo André, além da autorização para a quebra do sigilo bancário dos suspeitos.
Veja a nota na íntegra:
Nesta sexta-feira (25/4), o MPSP, por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), e a Polícia Federal, por meio da Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (FICCO/SP), com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo, dão cumprimento a mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Criminal de Santo André contra quatro policiais lotados no 6º Distrito da cidade e a diversos mandados de busca e apreensão. A ação vem na esteira da Operação Latus Actio e da Operação Latus Actio 2, deflagradas, respectivamente, nos dias 12 de março e 12 de dezembro de 2024, quando uma organização criminosa constituída para arrecadar propinas dentro da repartição policial foi desarticulada - naquela ocasião, um policial foi preso preventivamente e outro afastado do serviço.
O Poder Judiciário decretou também a quebra do sigilo bancário dos investigados. Em síntese, havia instauração de procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) por parte dos policiais supostamente para apurar a prática de sorteios (rifas) ilegais realizados por “influenciadores” através de suas redes sociais, condutas que poderiam configurar a contravenção penal por exploração de jogos de azar e crimes de estelionato e lavagem de dinheiro. Entretanto, o verdadeiro objetivo dos policiais era a solicitação de vantagem econômica indevida (“propina”) aos investigados e seus respectivos advogados, sob o argumento de não dar prosseguimento à apuração.