Polícia investiga série de ataques a ônibus em São Paulo
Pelo menos 400 coletivos foram depredados desde junho; crimes podem estar ligados a desafios na internet
Flavia Travassos
Thiago Dell'Orti
A Polícia Civil investiga uma onda de ataques a ônibus registrada no estado de São Paulo desde o dia 12 de junho. De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário, cerca de 400 coletivos já foram depredados, sendo 200 apenas na capital paulista.
As ações criminosas começaram na cidade de São Paulo e rapidamente se espalharam por municípios da Grande São Paulo e da Baixada Santista, como Embu das Artes, Taboão da Serra, Osasco, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo, Cubatão e Santos.
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Imagens mostram vândalos arremessando pedras contra ônibus em movimento, quebrando vidros independentemente do horário ou da quantidade de passageiros a bordo. Ailton Moura Magalhães, cobrador há 15 anos, relata o sentimento de insegurança: “A gente se sente constrangido, falta de segurança. Quem trabalha no transporte não tem segurança, a gente fica à mercê”.
Segundo uma planilha de uma empresa de transporte, alguns ataques ocorreram com poucos minutos de diferença entre si, o que levanta a suspeita de uma possível organização por trás dos crimes.
“A nossa preocupação é atingir um motorista ou um cobrador, e até mesmo um motorista se assustar com um ataque desses e perder o controle do ônibus. Aí sim vai causar um prejuízo para a população, pessoas vão se machucar”, alerta diretor do sindicato, Nailton Francisco de Souza.
A Polícia está monitorando plataformas digitais, investigando se os ataques têm ligação com desafios propagados na internet. Motoristas e responsáveis pelas empresas estão sendo ouvidos para apurar se há envolvimento de grupos organizados ou se os casos têm motivação pessoal.
O sindicato também pressiona por uma resposta rápida das autoridades para evitar mais prejuízos.
“Normalmente a empresa não tem no almoxarifado um estoque suficiente pra repor. Então esse ônibus vai ficar parado na garagem esperando fabricar esse vidro pra poder ser reposto. É um prejuízo de 3, 4 e até 5 dias. Vi caso de ônibus ficar até uma semana parado”, alerta Nailton.
Quem depende do transporte público sente diretamente os impactos. “A gente, com os impostos altos que paga, ainda tem que andar em ônibus cheio e ainda acontece esse apedrejamento. Tem que melhorar a segurança”, conta a doméstica Dalmira dos Anjos.
A SPTrans, empresa que gerencia o transporte público por ônibus na capital, informou que as companhias são obrigadas a substituir o veículo danificado por outro da reserva técnica para manter o atendimento aos passageiros. A empresa repudiou os atos de vandalismo.
Já a Secretaria da Segurança Pública informou que vai se reunir com representantes das empresas para discutir medidas de enfrentamento aos crimes. O policiamento ostensivo e preventivo segue reforçado nas regiões afetadas.