Polícia detém homem com faca em evento em que Bolsonaro estava
Ele havia comprado objeto na própria feira, apresentou nota e foi liberado por não oferecer riscos
Guilherme Resck
Um homem, de 32 anos, foi detido por agentes da Brigada Militar na terça-feira (5) por estar portando uma faca na Expodireto Cotrijal, uma das maiores feiras do agronegócio internacional, em Não-Me-Toque (RS). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava na feira no momento do ocorrido.
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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, o homem chamou a atenção de populares e dos policiais militares presentes no evento por estar com o cabo de uma faca aparente no bolso.
Abordado pelos agentes, ele argumentou que a tinha comprado em um dos estandes da Expodireto Cotrijal e apresentou comprovante da aquisição.
Facas são vendidas nos estandes da feira e muitos dos frequentadores, produtores rurais, têm o hábito de portar facas e canivetes na cintura.
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Os policiais retiraram o suspeito da feira, para evitar linchamento, pois palavras de ordem começaram a ser entoadas contra ele por populares que acompanhavam a visita de Bolsonaro.
O homem foi encaminhado a um posto da Brigada Militar para confecção de um termo circunstanciado por violação do Artigo 19 da Lei das Contravenções Penais – "trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade". O suspeito assinou o termo e foi liberado. A faca foi apreendida.
As autoridades gaúchas dizem que estão investigando o caso e que, graças à atuação da Brigada, o homem não ofereceu risco aos participantes do evento.
Polícia Civil
O delegado responsável pela Delegacia de Polícia de Não-Me-Toque, Gerri Mendes, informou ao SBT News que o termo circunstanciado só entrou no sistema da Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (6).
Antes disso, Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, havia se manifestado sobre o caso pelo X (antigo Twitter). "Recebo com preocupação a informação de que foi preso um homem ontem em Não Me Toque/RS portando uma faca justamente na feira onde o presidente Jair Bolsonaro estava", escreveu Wajngarten.
"Solicito à Policia Federal que apure com lupa a ocorrência. Se necessário os advogados do presidente estão à disposição para o devido acompanhamento", acrescentou.
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Em outra publicação, após o termo entrar no sistema da Polícia Civil, Wajngarten agradece "o empenho e o pronto contato do governador Eduardo Leite bem como do seu secretário de Segurança Pública Dr. Sandro no levantamento de informações a respeito do ocorrido ontem".
O suspeito não possui antecedentes criminais e é morador de Lagoa Vermelha (RS). O SBT News entrou em contato com ele para pedir um posicionamento sobre o ocorrido, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço permanece aberto.
Facada
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018, durante ato público de campanha. Bolsonaro desenvolveu quadro de obstrução intestinal após a facada e, por isso, fez diversas cirurgias desde então.
O autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira, foi considerado inimputável pela Justiça Federal de Minas Gerais, em 2019. A Justiça aplicou a medida devido a um laudo que comprovou que ele sofria transtornos mentais.
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Inquéritos abertos pela Polícia Federal (PF) sobre o crime apontam que Adélio agiu sozinho e sem mandantes.
Ele vinha cumprindo medida de segurança no presídio federal de Campo Grande. Porém, em decisão publicada no mês passado, a 5ª Vara Federal em Campo Grande determinou ele retornasse a Minas Gerais, local de origem do seu processo.