Polícia afasta ação de facção em ataques a ônibus em SP; PM vai reforçar patrulhamento
Possibilidade de crimes estarem ligados a desafios propostos na internet é investigada; desde junho, mais de 400 depredações foram registradas em todo estado
Emanuelle Menezes
Alvaro Nocera
A Polícia Civil de São Paulo afastou, nesta quinta-feira (3), a possibilidade da série de depredações de ônibus no estado estar ligada a ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas. Nas últimas 24 horas, ao menos 51 coletivos foram alvos de depredação, sendo 35 apenas na capital paulista. Desde junho, os ataques já passam de 400.
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Em entrevista para a imprensa, o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), Ronaldo Sayeg, afirmou que as investigações estão traçando um panorama de como os ataques são organizados. Segundo ele, as depredações não têm um propósito claro, "o que é típico de facções criminosas".
"As organizações criminosas agem com propósitos específicos e, principalmente, com reivindicações claras, que surgem durante os atos ou posteriormente", explicou.
O monitoramento de redes e plataformas digitais também "não revelou algo de concreto", mas a possibilidade dos crimes estarem ligados a desafios propostos na internet também é investigada. Sayeg enfatizou que é preciso "ter cautela", pois são várias ações aparentemente "sem propósito", até o momento.
"É algo que a gente tem ficado de olho para ver se isso [os ataques] vêm do que tem sido um problema social, familiar e de polícia, que são os desafios de internet. É algo que não descartamos, mas também não podemos cravar", afirmou o delegado.
O delegado também classificou a "peculiaridade" dos ataques, com pessoas sozinhas ou em pequenos grupos, geralmente muito jovens ou adolescentes, "que leva mais para o lado dos desafios, de um espírito aventureiro, uma idiotice". "Um modo de operar muito simplório, pega uma pedra e joga no ônibus", acrescentou.
Já a Polícia Militar disse que empenhou 3,6 mil viaturas e quase 8 mil agentes para proteger os ônibus. A corporação afirmou que vai realizar pontos de estacionamento em locais estratégicos e outras ações específicas para coibir os ataques em "áreas previamente selecionadas pelos setores de Inteligência". A PM também pediu a colaboração da população para informar sobre os incidentes, pelo Disque Denúncia 181 e, em caso de emergência, pelo 190.
Em relação aos dois presos relacionados aos ataques, a polícia afirmou que eles "fogem completamente do padrão dos investigados". O preso em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foi localizado "num total estado de transtorno e não aparentava estar gozando plenamente das suas faculdades mentais", tornando este ataque a ônibus uma "ocasião eventual". O outro homem foi detido em Diadema, também na Grande São Paulo.