Pichação com símbolo de facção terá pena triplicada em Salvador; nova lei já está em vigor
Sancionada pelo prefeito Bruno Reis, lei endurece punições e cria regras específicas para combater mensagens de facções em espaços públicos

SBT News
com Aratu On
A Prefeitura de Salvador sancionou, na sexta-feira (14), a Lei nº 9.902/2025, que triplica a pena para pichações com símbolos, códigos ou nomes ligados a facções criminosas. A norma altera dispositivos da Lei nº 9.788/2024, que já tratava da preservação visual da cidade e da proteção do patrimônio público e privado, e penalizava o infrator em até R$ 10 mil. Com a mudança, a multa pode chegar a R$ 30 mil.
+ Polícia resgata macaco com criminosos no Rio
O projeto é de autoria do vereador Sandro Filho (PP) e integra uma estratégia municipal para reduzir a atuação simbólica do crime organizado em pontos estratégicos da capital baiana.
O que muda com a nova lei de pichação em Salvador?
A legislação mantém a definição de pichação como qualquer ato de riscar, borrar ou sujar espaços sem autorização. No entanto, agora, passa a considerar como pichação qualquer sinal, símbolo, código ou nome associado a facções, tornando esses casos passíveis de penalidade e com punição triplicada.
A regra, sancionada pelo prefeito Bruno Reis (União), vale para ambientes públicos e privados.
Além da multa de até R$ 30 mil, os infratores que forem penalizados pela lei ficam impedidos de:
- participar, por um ano, dos eventos promovidos pela Prefeitura Municipal de Salvador destinados ao fomento e incentivo da arte urbana;
- receber benefícios pelo período de dois anos;
- assumir cargos públicos na prefeitura ou na Câmara Municipal de Salvador por dois anos;
- participar de licitações pelo período de dois anos.
Por que Salvador endureceu as punições?
Segundo o autor do projeto, a medida busca impedir que facções transformem a capital em "vitrine" para disputas territoriais.
"Pichação de criminosos é mais que vandalismo, é estratégia de intimidação. Nossa cidade precisa reagir", afirmou o vereador Sandro Filho.
O objetivo é conter mensagens usadas por facções para marcar território, recrutar jovens ou sinalizar domínio em comunidades.
Quais ações a Prefeitura deve adotar?
A lei determina um pacote de medidas que a capital baiana deve implementar para retirar inscrições criminosas e impedir novas demarcações:
- remoção de símbolos ou mensagens de facções em bens públicos, como escolas e cemitérios;
- prazo máximo de 30 dias para retirada após denúncia formal;
- criação e divulgação de canais seguros para denúncias;
- capacitação de guardas civis, equipes de zeladoria e profissionais da educação para identificar códigos de facções;
- investimentos em tecnologia para monitorar inscrições criminosas;
- parcerias com entidades privadas e organizações da sociedade civil.
A lei entrou em vigor imediatamente após a publicação.
Por que a disputa entre facções influencia a nova legislação?
Na Bahia, ao menos 14 facções disputam áreas ligadas ao tráfico de drogas, rotas estratégicas e domínio territorial.
Desde 2018, Salvador vive um aumento das alianças entre grupos locais e facções nacionais, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), com ramificações inclusive fora do país.
A marcação de territórios por pichação tem chegado a cartões-postais da cidade, como a orla da Barra, onde a sigla TCP (Terceiro Comando Puro) foi registrada nos muros. A Secretaria da Segurança Pública intensificou as investigações sobre os responsáveis pelas pichações.






