“Ele morreu porque queria ser livre”, diz irmão de jovem envenenado com bolinho de mandioca
Marcos disse ainda que a família doou órgãos de Lucas da Silva Santos, morto no domingo (20)

Alô, Você
SBT News
Em entrevista ao Alô, Você, do SBT, na manhã desta terça-feira (22), Marcos, irmão de Lucas da Silva Santos, de 19 anos, que morreu após comer um bolinho de mandioca envenenado, falou sobre a doação de órgãos do jovem e desabafou sobre o crime.
O padrasto do jovem, Ademilson Ferreira dos Santos, confessou ter envenenado o bolinho. Liliane Doretto, delegada do 8º Distrito Policial, disse que o homem teria desenvolvido uma relação obsessiva com o enteado e reagiu de forma extrema ao descobrir que Lucas planejava se mudar de cidade.
“É revoltante, porque não tem motivo. [...] Ele morreu só porque queria ser livre, porque queria a independência dele, porque queria ter a casa dele... Então foi por esse motivo que a vida dele foi interrompida, no momento em que ele mais ia desfrutar”, desabafou Marcos.
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A família de Lucas conseguiu doar as córneas e os rins do jovem, já que outros órgãos foram comprometidos por causa da parada cardiorrespiratória. “O Lucas comentou, com nosso irmão de 17 anos, que o propósito de vida dele seria ajudar outras pessoas”, explicou Marcos.
“Então a gente pensou nessa decisão de continuar ajudando outras pessoas e, por meio da doação de órgãos, ele conseguiu abençoar a vida de quatro pessoas que hoje não fazem mais parte da fila de espera, que a gente sabe que é tão difícil. Optamos por isso porque sabemos que essa seria a vontade dele”, completou.
Padrasto confessou o crime
Em depoimento à polícia, Ademilson, que está preso, disse que pediu para a esposa comprar chumbinho em uma loja de Diadema, cidade próxima a São Bernardo do Campo (SP), onde a família mora. Conotu que misturou o raticida na massa do bolinho e depois deu para Lucas.
Inicialmente, a investigação focou na tia do jovem, mas rapidamente se voltou para o padrasto, devido às incoerências nos depoimentos e ao fato de ele ter manipulado os bolinhos.
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Ademilson está preso temporariamente desde a última quarta-feira (16) e deve ser indiciado por homicídio triplamente qualificado. A polícia ainda investiga a possibilidade de o padrasto ter cometido abusos sexuais contra Lucas, acusação feita por três testemunhas ouvidas pelos agentes. No depoimento, Ademilson negou os relatos, dizendo que é “um homem, e não um estuprador”.
Ainda durante a entrevista, Marcos chamou Ademilson de “monstro” e disse que espera que ele fique preso e pague pelo que fez.
“Se ele sair depois disso tudo que fez, é pra gente abandonar tudo. Porque um cara que matou meu irmão, violentou mais dois irmãos, e sair impune pela porta da frente... não tem como pensar nisso. [...] O Lucas era como uma criança. [...] Durante esses anos, ele foi na inocência. Só que, conforme a maturidade foi chegando, ele pensou: ‘Calma aí, acho que tem coisa errada aqui’”, pontuou.