Justiça Militar demite tenente acusado de matar lutador Leandro Lo
Henrique Otávio Velozo ainda será julgado na esfera criminal, em júri marcado para agosto

Marcos Guedes
Fabio Diamante
O Tribunal de Justiça Militar de São Paulo (TJMSP) decidiu, por unanimidade, pela demissão do tenente Henrique Otávio Velozo, acusado de matar o lutador Leandro Lo com um tiro na cabeça durante um show na capital paulista, em 2022.
A decisão, confirmada pelo SBT junto à Corte militar, foi tomada nesta quarta-feira (18) após a conclusão de um Conselho de Justificação que considerou o oficial “incompatível com a função de policial militar”.
Velozo ainda será julgado na esfera criminal, perante ao Tribunal do Júri, que tem audiência marcada para 5 de agosto, segundo informou o TJM. Nesse processo, ele responde pelo crime de homicídio doloso triplamente qualificado
O caso
O crime ocorreu em 7 de agosto de 2022, durante um show de pagode em um clube na zona sul de São Paulo. Segundo a investigação, o tenente, que estava de folga e em trajes civis, se envolveu em uma discussão com o lutador e, no auge da briga, sacou uma arma e atirou. Leandro Lo foi atingido na cabeça e não resistiu. O policial fugiu, mas se apresentou à Corregedoria no dia seguinte.
Leandro Lo era um dos maiores nomes do jiu-jítsu mundial. Sua morte provocou forte repercussão entre atletas, entidades esportivas e a sociedade civil, dentro e fora do Brasil.
Enquanto aguarda o julgamento criminal, Velozo permanece detido no Presídio Militar Romão Gomes. Para o advogado Adriano Salles Vanni, assistente de acusação da família do lutador no processo que corre na Justiça comum, a demissão era esperada.
“A Justiça Militar é extremamente rigorosa, principalmente quando se trata de um oficial. Esperávamos esse desfecho. Foi uma decisão completamente justa”, afirmou.
A reportagem procurou o advogado do tenente Veloso na noite desta quarta-feira (18) e aguarda uma resposta.
Segundo a nota do TJM, o Conselho de Justificação é um procedimento previsto em lei para avaliar a conduta de oficiais da Polícia Militar acusados de atos que possam comprometer a honra pessoal ou a dignidade do posto.
O órgão informou que no caso de Velozo, os desembargadores militares do TJM consideraram que o comportamento atribuído a ele, além de desonroso, violou princípios fundamentais, como os direitos humanos — o que tornou sua permanência na corporação insustentável.