Homem negro é preso injustamente durante sua festa de aniversário em Porto Alegre
Fábio, de 29 anos, foi algemado no momento do parabéns acusado de roubar uma moto; mais de 20 testemunhas afirmam que ele não deixou o bar
Eduardo Pinzon
Um homem negro de 29 anos foi preso durante a própria festa de aniversário em um bar de Porto Alegre, após ser apontado pela Brigada Militar como suspeito de roubar uma motocicleta.
A prisão em flagrante ocorreu no momento em que os convidados cantavam parabéns. A Justiça determinou o relaxamento da prisão após mais de 20 testemunhas afirmarem que o aniversariante não deixou o local em nenhum momento.
Fábio, técnico de som, comemorava seu aniversário com amigos quando, pouco depois das 22h, uma viatura da Brigada Militar chegou ao bar. Ele e um amigo foram abordados e receberam voz de prisão.
Toda a abordagem foi filmada por um dos convidados, que registrou o momento em que Fábio é algemado enquanto ainda estava na mesa com amigos.
Segundo a Brigada Militar, a vítima do roubo acompanhava a moto por meio de um rastreador GPS, que apontou para o endereço do bar onde acontecia a comemoração.
A vítima teria dito reconhecer o boné azul usado por Fábio como sendo semelhante ao usado pelo assaltante.
O que diz a Polícia Civil?
A investigação ficou a cargo da Delegacia de Roubos de Veículos. A delegada Jeiselaure Rocha de Souza afirmou que, em um primeiro momento, os suspeitos tinham características físicas semelhantes às descritas pela vítima.
“Houve um roubo. Os indivíduos apontados pela vítima possuem características semelhantes aos rapazes que estavam no aniversário. A partir de agora começamos a apurar o que de fato aconteceu”, declarou.
O juiz responsável pelo caso determinou o relaxamento da prisão em flagrante, reconhecendo que a detenção foi feita de forma ilegal.
Mesmo com a decisão, o caso segue em investigação pela Polícia Civil. O inquérito tem prazo de 30 dias para ser concluído.
Defesa aponta racismo
O advogado de Fábio afirma não haver qualquer dúvida de que ele é vítima de racismo. Para a defesa, o reconhecimento baseado apenas na cor da pele e no boné azul reforça estereótipos e levou à prisão injusta.
