Polícia

Facções expulsam famílias de casas e deixam distrito deserto no interior do Ceará

Em um ano e nove meses, estado registrou mais de 200 casos de expulsão de moradores por grupos criminosos

Imagem da noticia Facções expulsam famílias de casas e deixam distrito deserto no interior do Ceará
,
Publicidade

Desde agosto, 42 pessoas foram presas no Ceará, suspeitas de expulsar moradores de suas casas. De acordo com a Polícia Civil, o objetivo dos criminosos é usar os imóveis como esconderijos para facções.

No pequeno distrito da zona rural de Morada Nova, no interior do estado, o cenário é de cidade fantasma. Cerca de 300 famílias foram obrigadas a abandonar suas casas após ameaças de grupos criminosos.

Em Pacatuba, na região metropolitana de Fortaleza, a situação se repetiu. Criminosos expulsaram famílias de pelo menos 30 residências, em setembro.

+ Moraes determina suspensão de inquérito que investiga remoção de corpos da mata após megaoperação no Rio

+ PF prende e indicia candidato por fraude no Enem em Juazeiro do Norte (CE)

Um relatório da Polícia Civil do Ceará aponta que o estado registrou 219 ocorrências de expulsões de moradores por facções criminosas entre janeiro de 2024 e setembro de 2025 — um período de um ano e nove meses. Somente em Fortaleza, foram 143 casos em 52 bairros.

Muitas das comunidades atingidas já enfrentam vulnerabilidade social, marcada por pobreza, falta de serviços básicos e exclusão. Segundo o relatório, “essa situação tem impacto direto sobre a juventude, que acaba sendo recrutada para atividades ilícitas, seja por coação, seja pela ausência de oportunidades”.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Ceará, 42 suspeitos foram presos desde agosto, acusados de participação nesses deslocamentos forçados.

O delegado Jaime de Paula Pessoa afirma que apenas a presença policial não é suficiente para conter o problema. “Fazer a prisão ou a permanência da polícia em determinado local é enxugar gelo. Nós temos, na verdade, que fazer a ocupação do estado como um todo”, diz.
“Uma ação social mais presente, com trabalho e emprego, com educação e várias outras iniciativas do estado depois da faxina que a polícia venha a fazer”, completa o delegado.

Mesmo dentro da capital, há conjuntos habitacionais dominados pelo crime organizado e com número cada vez menor de moradores, que vivem com medo da violência.

O delegado explica que as expulsões estão ligadas à tentativa das facções de expandir o controle territorial. “É uma política do crime organizado em cima dessa expansão de território. Temos as expulsões quando o morador não atende às exigências impostas pela organização criminosa do local — como pagar pedágio ou transformar a casa em depósito de armas ou rota de fuga”.

Publicidade

Assuntos relacionados

Ceará
facção criminosa
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade