Exclusivo: PF investiga relação de principal recrutador do Hezbollah no Brasil com fintech associada ao PCC
Investigação aponta para o uso de criptoativos oriundos no Brasil para contas bancárias no Líbano, usadas para financiamento do terrorismo
Caio Crisóstomo
Uma investigação da Polícia Federal (PF) indica que o principal recrutador do Hezbollah (grupo libanês extremista) no Brasil, Mohamad Khir, teria enviado criptoativos para contas bancárias no Líbano suspeitas de serem usadas para o financiamento ao terrorismo.
Os investigadores da PF identificaram que o envio de uma parte dos criptoativos ao país foi realizado através da fintech 2GoBank, de propriedade do policial civil Cyllas Júnior, associada a um suposto esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Cyllas está preso.
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O libanês Mohamad Khir é suspeito de aliciar ao menos quatro homens para participarem de uma célula do Hezbollah no Brasil. Na ocasião, ele foi alvo da operação chamada Trapiche.
Em dezembro de 2023, a PF fechou diversas tabacarias de Khir em Belo Horizonte (BH) e identificou outros meios de financiamento para a estrutura terrorista no Brasil.
Khir está foragido no Líbano e é procurado pela Interpol. Ainda não há informações da quantia que o recrutador teria enviado para contas suspeitas de financiar o terrorismo.
Agora, as investigações buscam também identificar outras pessoas que teriam enviado dinheiro por meio de criptoativos para contas bancárias no Líbano. O modelo da moeda digital dificulta a identificação dos verdadeiros operadores.
Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras que originou a investigação sobre lavagem de dinheiro do PCC pela 2GoBank identificou transferências com 15 carteiras de investimentos colocadas em "lista negra" do Ministério da Defesa de Israel.
A investigação sobre a fintech localizou que foram enviados US$ 82,1 milhões (R$ 465 milhões, na cotação atual) em criptoativos digitais para as contas libanesas.