Quatro motos são roubadas ou furtadas por hora em São Paulo
No estado, número ultrapassa 38 mil registros anuais, segundo levantamento com base em dados da Secretaria de Segurança Pública
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Flavia Travassos
Victor Ferreira
O roubo e furto de motocicletas está crescendo em São Paulo. Segundo um levantamento feito pela Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado ) com base nos dados da Secretaria da Segurança Pública, mais de 38 mil furtos e roubos de motocicletas foram registrados no estado no último ano. Isso equivale a quatro motos levadas por criminosos por hora, ou um veículo a cada 15 minutos.
Do total de motocicletas tomadas pelo crime, 27.283 foram furtos, modalidade preferida pelos criminosos por apresentar menor risco.
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A expansão da frota de motocicletas pode ter influência no aumento desses crimes. Em uma década, o número de motos cresceu mais de 50%, o que, segundo especialistas, contribui para a elevação da criminalidade.
"A cidade não estava preparada para isso. Nem a cidade, nem as forças de segurança. Quando cresce a demanda, cresce junto a necessidade de serviços e peças de reposição", afirma Erivaldo Vieira, pesquisador da Fecap.
Parte das motos furtadas acabam sendo desmontadas e revendidas ilegalmente. O alto custo de peças originais leva parte da população a recorrer ao mercado paralelo, alimentando o ciclo do crime.
O economista Rennê Costa encontrou o escapamento da sua moto sendo anunciado em uma rede social. A moto dele foi levada na região da Avenida Paulista. Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento exato em que um ladrão se aproxima da motocicleta estacionada, e observa o ambiente e aguarda o momento certo para subir na moto e sair, tranquilamente.
"Eu pensei em parar no estacionamento, mas, como cheguei muito cedo, ainda estava fechado. Imaginei que um dia só não teria problema, mas esse dia trouxe uma grande consequência, tanto financeira quanto emocional para mim", relata Rennê.
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A motocicleta, que não tinha seguro, representou um prejuízo de R$ 20 mil. Mesmo após dez meses, Rennê ainda sente o impacto emocional da perda.
"Tudo que conquistamos pela primeira vez tem um valor especial. Foi um baque muito grande para mim. Sinceramente, não consigo descrever o sentimento e a dor que carrego até hoje."