Caso Fernando Vilaça: agressores alegam "legítima defesa" e culpam vítima pelo crime
Delegado disse que jovem foi alvo de "violência homofóbica"; primos, de 16 e 17 anos, foram apreendidos e vão responder por ato infracional análogo ao homicídio

Emanuelle Menezes
com informações da TV Norte Amazonas
Os dois adolescentes apreendidos por espancarem violentamente e matarem o jovem Fernando Vilaça da Silva, de 17 anos, em Manaus, tentaram culpar a vítima para os policiais, dizendo que agiram em "legítima defesa". A Polícia Civil do Amazonas finalizou nesta quarta-feira (16) a investigação sobre o assassinato.
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O primeiro suspeito, de 16 anos, foi apreendido no último dia 9, após se apresentar à polícia com um advogado. O segundo, de 17, estava foragido e se apresentou dias depois na Delegacia Especializada em Atos Infracionais (DEAAI), com um advogado. Os agressores são primos e tiveram a internação determinada pela Justiça.
Durante as investigações, os dois afirmaram que reagiram após serem atacados por Fernando. No entanto, o delegado Guilherme Torres, responsável pelo caso, afirma que há provas de que a agressão foi deliberada.
"Eles dizem que Fernando os agrediu e que reagiram, mas temos imagens, testemunhas e outros elementos que mostram o contrário. Foi uma agressão deliberada e covarde", declarou o delegado.
Os dois adolescentes vão responder por ato infracional análogo ao homicídio qualificado por motivo torpe e devem ser encaminhados a uma unidade socioeducativa.
Espancado em Manaus
Fernando Vilaça da Silva, de 17 anos, foi agredido violentamente no último dia 3, quando reagiu a ofensas feitas por outros dois adolescentes. O jovem, que havia saído de casa para comprar leite, questionou a dupla que o chamava de "viadinho" e foi brutalmente espancado.
O delegado Guilherme Torres destacou que a motivação do crime foram "injúrias homofóbicas". Apesar da possível causa do ataque estar relacionada à homofobia, Fernando nunca manifestou publicamente sua orientação sexual.
O adolescente sofreu edema cerebral, traumatismo craniano e hemorragia craniana, segundo o boletim de ocorrência, e morreu dois dias depois.
Em entrevista à TV Norte Amazonas, afiliada do SBT, o irmão da vítima relatou a dor da perda e descreveu o adolescente como uma pessoa tranquila e generosa.
Nas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) lamentou o crime e confirmou que protocolou um pedido ao Ministério dos Direitos Humanos para acompanhamento oficial do caso.
"É dilacerante pensar que uma pessoa, que tinha a vida toda pela frente, teve sua trajetória interrompida por questionar o porquê de estarem lhe chamando de 'viadinho'", escreveu Hilton no X (antigo Twitter).








