Lula volta a defender exploração de petróleo na Margem Equatorial: "Chance de o Brasil crescer"
Presidente também critica discussões sobre economia que não leva em consideração questões sociais e diz que Brasil deve crescer de forma distribuída
Raphael Felice
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (12), que a Petrobras vai explorar petróleo na Margem Equatorial brasileira, localizada entre os estados de Ceará e Rio Grande do Norte. Na abertura do Fórum de Investimentos Prioridade 2024, do Instituto da Iniciativa de Investimentos Futuros (FII Institute), no Rio de Janeiro, o chefe do Executivo disse que o Brasil não pode perder "nenhuma oportunidade" de crescer.
Em evento com presença de lideranças sauditas, como Yasir Al-Rumayyan, presidente do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita e presidente do conselho administrativo da Aramco, Lula disse em tom de brincadeira que a Petrobras poderá alcançar a petroleira saudita com a exploração do novo poço de petróleo.
"Quero dizer aos sauditas, o presidente do fundo e empresários que estão aqui, de forma muito taxativa. Vocês vão ouvir os meus ministros e a presidente da Petrobras falar. A nossa Petrobras está quase disputando com a Aramco e, quando a gente começar a explorar a chamada Margem Equatorial, e queremos fazer tudo legal respeitando o meio ambiente, mas não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer", disse.
A exploração de petróleo na Margem Equatorial desperta preocupações de grupos ambientalistas, que veem risco de impactos à biodiversidade. Os poços Anhangá e Pitu Oeste, no entanto, estão distantes da foz do Rio Amazonas, considerada a localidade mais sensível.
Em maio do ano passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou o pedido da Petrobras para realizar atividade de perfuração marítima do bloco FZA-M-59.
Ele está situado na bacia da Foz do Amazonas. A Petrobras apresentou um novo pedido, ainda sem resposta. O avanço dos trabalhos na Bacia Potiguar, por sua vez, conta com o aval do Ibama, que concedeu a licença de operação para as perfurações dos poços de Pitu Oeste e de Anhangá.
Ao falar sobre o crescimento brasileiro, o presidente da República ressaltou que as discussões sobre a economia não podem ser dissociadas das questões sociais. A fala de Lula ocorre em um momento em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negocia a recomposição salarial de funcionários de universidades e institutos federais. Haddad também disse não temer aumento de preços após mudanças tributárias.
"Não somos mais o Brasil do Carnaval, futebol e da violência. Somos o Brasil composto por homens e mulheres que querem crescer, trabalhar e estudar e é por isso que eu não consigo falar de economia sem colocar a questão social na ordem do dia. Qualquer debate que se faça tratando de economia, a gente fala de um monte de coisa, mas parece que o problema social não existe e ele existe e estão no nosso calcanhar, nas nossas portas, estão nas ruas", disse Lula, que também mencionou que 735 milhões de pessoas passam fome no mundo, mesmo com tecnologia e conhecimento genético para produzir "alimento de sobra" para todos.
Lula também afirmou que o crescimento brasileiro deve ser feito para atender toda a população. Ele citou que, entre as décadas de 1950 e 1980, o Brasil cresceu em média 7,5% ao ano, mas o desenvolvimento aconteceu de forma desordenada, com muito na mão de poucos, e o país permaneceu com altas taxas de pobreza. Ele ainda voltou a criticar as guerras em andamento no mundo e o dinheiro gasto para a compra de armamentos.
"Esse crescimento não foi muito bem distribuído e, quando você termina essa fase de crescimento, você percebe que o país cresceu e o povo continua pobre e nós não queremos mais isso. Nós queremos crescer juntos. Por isso, o Brasil não tem contencioso, o Brasil não quer guerra. Por isso, o Brasil que paz entre Rússia e Ucrânia, a paz sai mais barato, a paz não gasta dinheiro com bomba, não mata e nem destroi ninguém", concluiu.