Conselho de Ética arquiva pedido de cassação do mandato de Janones e sessão termina em confusão
Deputado do Avante bateu boca com Éder Mauro (PL-PA) e trocou ofensas com Nikolas Ferreira (PL-MG)
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados arquivou, nesta quarta-feira (5), a representação do Partido Liberal (PL) com pedido de cassação do mandato do deputado André Janones (Avante-MG) por supostamente ter solicitado parte dos salários dos servidores lotados em seu gabinete para seu próprio proveito econômico — prática conhecida como "rachadinha".
+ Controladoria estuda alternativa ao sigilo de 100 anos da Lei de Acesso à Informação
Foram 12 votos a favor e cinco contra o parecer preliminar do relator da representação, deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que votou pelo arquivamento dela por ausência de justa causa.
A sessão terminou em confusão. Transmissão feita pelo pré-candidato à prefeitura da capital paulista Pablo Marçal (PRTB), que estava na reunião no Conselho de Ética, mostra Janones saindo do plenário escoltado pela Polícia Legislativa, enquanto bate-boca com o deputado federal bolsonarista Éder Mauro (PL-PA) e tem seu paletó puxado pelo também bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO). Parlamentares começam a entoar "rachadinha" contra Janones.
Em corredor da Câmara, depois, o deputado Zé Trovão (PL-SC) tenta ir atrás do deputado do Avante e é contido. "Está fugindo, rachadinha", grita Éder Mauro, em referência a Janones. Posteriormente, Nikolas Ferreira (PL-MG) aparece trocando ofensas com o parlamentar. "Vamos lá fora então, que eu quero ver", provoca Nikolas. Pouco depois, Janones tenta avançar na direção do deputado do PL e é contido por presentes, incluindo a deputada federal Jack Rocha (PT-ES). Janones chama Nikolas de "moleque golpista". Já o bolsonarista chama o adversário de "frouxo mentiroso" e "lixo".
Investigação por rachadinha
Janones é investigado pela Polícia Federal (PF) por suposta prática de rachadinha. Em fevereiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do parlamentar, atendendo pedido da corporação. Segundo a PF, o acesso aos dados fiscais e bancários de Janones e demais acusados é uma etapa essencial para o esclarecimento do caso.
Ao fazer o pedido da quebra dos sigilos ao Supremo, a PF informou que investigações ligadas ao gabinete do deputado federal sugerem um esquema de desvio de salários de funcionários do parlamentar.
Em nota divulgada em janeiro, Janones negou a prática de corrupção e disse que o pedido da PF causava "estranheza", por ter colocado as informações à disposição desde o início das investigações.