Exclusivo: PM mata jovem em Guarujá e perícia contesta versão de disparo acidental
Laudo aponta que arma do policial militar estava íntegra e tinha travas de segurança, indicando que o tiro pode não ter sido acidental
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Nathalia Fruet
Fátima Souza
Majô Gondim
A perícia realizada na arma do policial militar que atirou e matou Ruan Corrêa Arruda da Silva, de 22 anos, em Guarujá, no litoral de São Paulo, revelou que o disparo pode não ter sido acidental, como alegou o PM. O SBT teve acesso exclusivo aos laudos periciais.
O caso aconteceu na madrugada da última quinta-feira (5). Imagens de câmeras de segurança mostram duas motos passando pela rua, sendo que a de Ruan vinha logo atrás. O jovem perdeu o controle do veículo, bateu em um carro estacionado e caiu. Ele chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu.
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Minutos depois do disparo, as câmeras registraram o PM Gabriel Roberto de Oliveira Pereira falando ao celular, aparentemente desesperado, com as mãos na cabeça.
Investigação e laudos periciais
Na delegacia, os policiais envolvidos alegaram que um grupo de jovens empinava motos – uma manobra ilegal conhecida como "grau" – e fugiu com a chegada da viatura. Durante a perseguição, segundo os PMs, a arma teria disparado acidentalmente e atingido a cabeça de Ruan.
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No entanto, laudos obtidos pelo SBT Brasil apontam que a pistola ponto 40 da Polícia Militar estava íntegra e sem alterações em seu mecanismo. O documento destaca que a arma possui travas tanto no gatilho quanto uma trava ambidestra, o que impediria um disparo involuntário. Segundo a perícia, apenas o fabricante poderia atestar se houve falha no funcionamento.
Especialistas ouvidos pela reportagem explicaram que a pistola usada pela polícia paulista é uma das mais seguras do mundo, com certificação da OTAN, garantindo que o disparo só ocorre quando o gatilho é acionado.
A Secretaria da Segurança Pública informou que um inquérito militar foi aberto para investigar o caso e que dois policiais foram afastados.
"Muitas mães não precisam sofrer o que eu estou sofrendo agora. Ele não vai matar mais o filho de ninguém, porque vai ter justiça pela morte do meu filho", desabafa a mãe de Ruan.
A reportagem procurou a empresa Glock, fabricante da arma, mas não obteve resposta. A defesa do PM também não foi localizada.