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Polícia

Atraídas pelo tráfico de drogas, máfias internacionais expandem atuação no Brasil

Fenômeno ganhou destaque com buscas por “El Mostro”, traficante mais procurado do Peru; criminoso escapou de ação policial que deixou 3 mortos

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O criminoso mais procurado do Peru, Erick Hernández, conhecido como "El Monstro", escapou de um cerco da Polícia Militar em Suzano, na Grande São Paulo. A operação terminou com a morte de dois comparsas do mafioso e do policial militar Rafael Vilodres, do Batalhão de Choque, durante uma intensa troca de tiros.

Alvo de um alerta vermelho da Interpol, "El Monstro" foi condenado a 32 anos de prisão no Peru por crimes como sequestro, homicídio, tráfico de drogas e formação de quadrilha.

Segundo as investigações, ele teria chegado ao Brasil no ano passado, cruzando a fronteira pela Bolívia. Em São Paulo, recebeu proteção do Primeiro Comando da Capital (PCC) e passou a liderar um grupo da máfia peruana acusado de controlar o tráfico de drogas e extorquir comerciantes peruanos que atuam legalmente no centro da capital paulista.

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A atuação da máfia peruana no país chama a atenção das autoridades de segurança. Até então, o Brasil só havia registrado operações de integrantes das máfias italiana, chinesa e a coreana.

“Mesmo que a gente não tenha muito conhecimento e seja talvez um dos primeiros casos, faz todo sentido porque o Peru é um dos maiores produtores, se não o maior produtor de pasta base, cocaína do mundo. Então, ter a presença de criminosos peruanos no Brasil faz, assim, é muito triste, mas no fim das contas, é lógico que eles tenham se estabelecido e que tenham capilaridade no Brasil”, explicou Rodrigo Reis, diretor executivo do Instituto Global Attitude.

O tráfico de drogas é uma das atividades que mais atraem quadrilhas internacionais para o Brasil. Especialistas apontam a localização geográfica do país como fator determinante: o território brasileiro faz fronteira com Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela.

“Temos uma fronteira seca de 17 mil quilômetros. Seria praticamente a distância três vezes de deslocamento do Brasil aos Estados Unidos”, destacou Eduardo Fernandes, especialista em segurança. “É muito difícil conseguir fiscalizar com eficiência um espaço geográfico desse tamanho.”

Além das rotas terrestres, as drogas também entram e saem do país por vias aquáticas.

“Existem casos, por exemplo, da máfia italiana lavando dinheiro no Nordeste brasileiro. Em outros momentos, quadrilhas ou integrantes de grupos narcotraficantes se estabelecem no Brasil para possibilitar a saída dessa droga que se originou nos países andinos, muitas vezes pelos portos brasileiros”, complementou um especialista.

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A contenção do avanço dessas organizações criminosas depende, segundo os especialistas, de ações integradas de combate e inteligência nas portas de entrada e saída do país.

“As Forças Armadas têm um trabalho significativo nessa região de proteção de fronteiras e, de alguma forma, de incentivo ao uso da inteligência”, afirmou Eduardo Fernandes. “Precisamos cada vez mais de mecanismos cibernéticos e eletrônicos para realizar esse controle, que não dependa apenas da observação visual do agente que está trabalhando.”
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