Traficantes adotam práticas de milícias e controlam serviços de internet no Rio
De acordo com a polícia, quadrilhas movimentam mais dinheiro com essas atividades do que com o tráfico de drogas
Bruna Carvalho
No Rio de Janeiro, criminosos estão controlando até a internet da população. Usando a mesma estratégia das milícias, traficantes forçam moradores a contratar serviços administrados por eles.
A expansão dessas atividades ilegais levou a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro e a Anatel a formarem uma força-tarefa. O objetivo é identificar os provedores de internet que operam sob o domínio do crime organizado. Uma lista de empresas suspeitas está sendo analisada, e os serviços podem ser suspensos.
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A lista de atividades que aumentam o lucro de criminosos inclui serviços como TV a cabo, venda de botijões de gás e aluguel de imóveis. As práticas começaram em áreas dominadas por milicianos e se estenderam para comunidades controladas pelo tráfico.
"A milícia observou que as pessoas mais pobres tinham uma necessidade de consumir igual as outras da cidade. Por conta disso, tanto os traficantes como os milicianos viram uma oportunidade de maximizar os lucros", explica o antropólogo Lenin Pires, da Universidade Federal Fluminense.
No início deste mês, a polícia desmantelou uma empresa ilegal que oferecia serviços de internet para os moradores do Complexo de Israel, na zona norte. As investigações indicam que traficantes ligados a uma facção cortaram os cabos das operadoras de internet tradicionais.
De acordo com a polícia, as quadrilhas movimentam mais dinheiro com essas atividades do que com o tráfico de drogas.