Violência no Oriente Médio e norte da África desloca 1 criança a cada 5 segundos, aponta Unicef
Números mostram que 12,2 milhões de menores foram vítimas de conflitos em menos de 2 anos

Beto Lima
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apresentou nesta semana números sobre o impacto dos conflitos armados na vida de crianças no Oriente Médio e Norte da África. Entre setembro de 2023 e julho de 2025, aproximadamente 12,2 milhões de menores foram diretamente afetados por guerras na região, sendo que destes, 20 mil perderam a vida e mais de 400 mil sofreram mutilações graves.
Os dados coletados em países como Síria, Iêmen, Sudão, Líbano e Territórios Palestinos mostram que a violência atinge crianças de forma sistemática. A cada 15 minutos, uma criança morre ou é gravemente ferida em decorrência dos conflitos. Além disso, a cada cinco segundos, uma família é obrigada a abandonar o lar em busca de segurança, muitas vezes sem condições básicas de sobrevivência.
Atualmente, cerca de 110 milhões de crianças vivem em áreas onde conflitos armados são frequentes. Esses menores enfrentam diariamente a destruição de infraestruturas essenciais, incluindo escolas, hospitais e sistemas de abastecimento de água. O relatório destaca que muitas dessas crianças desenvolvem traumas psicológicos profundos, que podem persistir por toda a vida.
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Crise humanitária
O Unicef estima que, somente em 2024, 45 milhões de crianças na região necessitarão de algum tipo de assistência humanitária - um aumento de 41% em relação aos números de 2020. No entanto, os programas de ajuda enfrentam sérias dificuldades financeiras.
Na Síria, apenas 22% do valor necessário para as operações humanitárias foi captado, enquanto nos Territórios Palestinos o índice é de 32%. Se os cortes de financiamento chegarem a 25%, como previsto, os programas poderão perder até US$ 370 milhões, recursos que seriam destinados a ações como tratamento de desnutrição grave, fornecimento de água potável e campanhas de vacinação contra doenças potencialmente fatais.
As informações do relatório foram compiladas a partir de dados oficiais da Divisão de População da ONU e de registros detalhados sobre vítimas civis em zonas de conflito.