Trump diz que tarifa de 50% é para países que 'não têm se dado bem' com os EUA
Presidente afirmou que alvos são nações "fechadas" para negociações; Brasil foi o único a receber percentual

Camila Stucaluc
O presidente Donald Trump disse, na quarta-feira (23), que aplicou tarifas comerciais de 50% aos países que “não têm se dado bem” com os Estados Unidos. O objetivo, segundo o republicano, é pressionar as nações a abrirem seus mercados até 1º de agosto, quando a taxação entrará em vigor.
+ Taxação de Trump é desaprovada por 60% dos americanos, diz pesquisa
"Temos vários países que abriram suas portas, mas há muitos países que não dá para negociar acordos. Então, teremos uma tarifa direta e simples de algo entre 15% e 50%. Para alguns, temos 50% porque não temos nos dado muito bem com esses países. É assim que funciona”, disse Trump, durante evento em Washington.
As novas tarifas comerciais foram anunciadas por Trump em abril deste ano, com a justificativa de “reduzir a dívida nacional e reequilibrar o comércio global”. Dias depois, o republicano recuou e suspendeu por 90 dias a implementação das taxas, mantendo um imposto universal de 10% aos países.
Com a prorrogação, Trump iniciou negociações para chegar a novos acordos comerciais com as nações. Foi o caso da China, com quem o presidente havia iniciado uma guerra comercial devido à elevação das tarifas de importação. As duas maiores economias do mundo chegaram a anunciar alíquotas superiores a 200%. Agora, os números não passam de 30%.
Outros países como Japão, Indonésia e Filipinas também firmaram novos acordos comerciais com os Estados Unidos. O mesmo é previsto para a União Europeia, Coreia do Sul e Índia, que buscam um acerto de tarifas com Washington.
A previsão é que as tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto. Enquanto isso, Trump vem divulgando cartas endereçadas aos países com as novas tarifas e com as possíveis consequências em caso de retaliação. Um dos últimos alvos do presidente foi o Brasil, o único, até o momento, taxado em 50%.
No documento enviado à Brasília, Trump disse que a decisão buscava “corrigir as graves injustiças do sistema” comercial atual. Ele também associou a medida ao que considera “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – réu no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado em 2022.
+ Tarifas de Trump podem causar prejuízo de R$ 19 bilhões ao Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu a medida, dizendo ser falsa a informação de que a economia norte-americana está em desvantagem no comércio entre os países e que as decisões judiciárias brasileiras cabem somente ao Brasil. O líder chegou a defender negociações bilaterais, mas garantiu uma resposta baseada na Lei da Reciprocidade caso os países não cheguem a um consenso.