Trump ameaça invocar Lei da Insurreição após protestos na Califórnia
Medida autoriza o presidente americano a empregar tropas militares federais para reprimir protestos
Vicklin Moraes
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (10), durante coletiva com jornalistas no Salão Oval, que pode invocar a Lei da Insurreição, uma das ferramentas de emergência mais extremas disponíveis a um chefe do Executivo americano.
"Se houver uma insurreição, eu certamente a invocarei. Veremos [...] Mas posso dizer que a noite passada foi terrível, e a noite anterior também", declarou Trump.
A Lei da Insurreição, de 1807, autoriza o presidente a empregar tropas militares federais ou federalizar a Guarda Nacional para reprimir protestos descontrolados ou distúrbios civis. Ao ser invocada, a norma suspende temporariamente a Lei Posse Comitatus, que limita o uso das forças armadas em ações domésticas. A última vez que a legislação foi utilizada foi em 1992, durante protestos também em Los Angeles, pelo então presidente George H. W. Bush.
A Polícia de Los Angeles informou nesta terça-feira (10) que somente ontem mais de 100 pessoas foram detidas. Entre elas, uma por agressão com arma letal, e outra, por vandalismo. Dois policiais ficaram feridos. Segundo o departamento de polícia, os policiais usaram "numerosas" munições menos letais e a multidão havia diminuído nas primeiras horas da manhã de terça-feira.
Tensões entre Trump e líderes democratas da Califórnia
A tensão entre o presidente republicano e os líderes democratas da Califórnia se agravou nos últimos dias. Nesta segunda-feira (9), o governador do estado, Gavin Newsom, anunciou que ingressou com uma ação judicial contra o governo Trump pela decisão de enviar tropas da Guarda Nacional para conter os protestos pró-imigração em Los Angeles. O objetivo é revogar a medida. Além disso, Trump sugeriu que apoiaria a prisão do governador, elevando ainda mais o tom do conflito político.
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, afirmou que seu governo foi informado de que as batidas do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) podem continuar por até 30 dias. Ela também ironizou a fala de Trump, que no sábado disse que a Guarda Nacional ajudou a proteger a cidade — mesmo com as tropas só tendo chegado no domingo. "Estão paradas, apenas protegendo o prédio federal", criticou.
Os protestos contra as leis anti-imigratórias de Trump começaram no último sábado (7), um dia depois do ICE realizar dezenas de detenções migratórias na região. Os atos terminaram em confrontos entre manifestantes e agentes, o que fez Trump determinar o envio da Guarda Nacional para proteger propriedades e funcionários federais, incluindo agentes de imigração.
* com informações Associated Press