Parlamento israelense vota contra criação de Estado palestino
Partidos alegaram que ação representaria um perigo existencial para o país, provocando conflito
O Parlamento de Israel votou contra a criação do Estado da Palestina. A resolução, aprovada na quinta-feira (19), recebeu 68 votos a favor e 9 contra, sendo apoiada sobretudo por partidos da coalização de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
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Em comunicado, os parlamentares afirmaram que o estabelecimento de um estado palestino representaria um perigo existencial para Israel, o que provocaria um conflito israelense-palestino, desestabilizando a região. O grupo ainda alegou que o estado seria tomado rapidamente pelo Hamas e transformado em uma base terrorista.
“Promover a ideia de um estado palestino neste momento seria uma recompensa pelo terrorismo e apenas encorajaria o Hamas e seus apoiadores, que verão isso como uma vitória graças ao massacre de 7 de outubro de 2023 e um prelúdio para a tomada do islamismo jihadista no Oriente Médio”, defenderam os parlamentares.
A tramitação da resolução aconteceu cerca de um mês após os governos da Espanha, da Irlanda e da Noruega reconhecerem internacionalmente a Palestina como um Estado independente e soberano. O mesmo foi feito pelo Parlamento da Eslovênia.
Pelas redes sociais, o secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti, condenou a decisão do Parlamento israelense, dizendo que a resolução representa uma rejeição da paz com os palestinos. Ele também afirmou que a decisão “mata” o acordo de Oslo, assinado em 1993 para a criação de um Estado palestino ao lado de Israel.
Palestina como Estado
A Palestina ainda não é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um Estado. Isso se deve a uma série de fatores, incluindo a falta da definição de um território, já que Israel segue presente em áreas reservadas para os palestinos, como a Cisjordânia. A falta de apoio de superpotências, como os Estados Unidos, também tem influência.
Apesar disso, mais de 70% dos membros da Assembleia Geral da ONU reconhecem a Palestina como um Estado independente e soberano, em vez de "entidade observadora não membro". Entre eles está o Brasil, que reconheceu a definição em dezembro de 2010, no fim do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Os últimos reconhecimentos foram criticados por Israel, que afirmou que a decisão mina o direito do país à autodefesa e os esforços para recuperar os 128 reféns detidos pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023. Em resposta à Irlanda e Noruega, por exemplo, o governo ordenou a retirada imediata de seus embaixadores nos países.