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Em discurso na ONU, Lula critica gasto trilionário com guerras: "Uso da força está se tornando regra"

Presidente condenou conflitos em andamento no mundo e disse que gastos poderiam ser usados para combater fome e mudanças climáticas

Em discurso na ONU, Lula critica gasto trilionário com guerras: "Uso da força está se tornando regra"
Lula discursa na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York | Divulgação/Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o gasto trilionário com guerras realizado por grandes potências mundiais. Em discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), pediu paz e condenou os conflitos bélicos em andamento no mundo.

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Segundo o chefe de Estado do Brasil, a invasão da Rússia à Ucrânia e a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza correm risco de se tornarem "confrontos generalizados".

"Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz. O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar", disse.

Segundo o presidente, é necessário criar condições para que os governos de Rússia e Ucrânia possam retomar uma linha direta de diálogo entre as partes. "Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades", falou.

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Na continuação do discurso, Lula disse que a Palestina vive uma das maiores crises humanitárias da história recente e que o confronto está começando a se expandir "perigosamente" para o Líbano. Segundo o presidente, a escalada da guerra no Oriente Médio ocorre por Israel ter transformado o "direito de defesa" em "direito de vingança".

"O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo", disse.

O presidente da República ainda citou conflitos no Sudão e no Iêmen, "esquecidos" pelo mundo, que impõem "sofrimento atroz a quase 30 milhões de pessoas". Ainda segundo o chefe do poder Executivo brasileiro, existem 300 milhões de pessoas no mundo necessitando de ajuda humanitária.

Críticas à ONU

No discurso, o presidente fez uma série de críticas à ONU e cobrou da instituição ações para adotar medidas necessárias para enfrentar os problemas do planeta. Lula citou a pandemia de covid-19 como um dos exemplos de falha das Nações Unidas e da humanidade em se unir por uma causa em comum.

"Andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes. Nem mesmo com a tragédia da covid-19 fomos capazes de nos unir em torno de um tratado sobre pandemia na Organização Mundial da Saúde (OMS). Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional", lamentou.

Outro ponto-chave do discurso de Lula nos eventos internacionais é a reforma da governança dos órgãos multilaterais, como a própria ONU e sobretudo o Conselho de Segurança da organização. O petista cobrou representatividade de países do sul global como membros permanentes do Conselho, em especial da África e da América Latina.

Governança global

"A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial. Vamos promover essa discussão de forma transparente em consultas no G77, no G20, no Brics e na Celac, no Caricom, entre tantos outros espaços", disse.

"Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo. Exigirá enorme esforço de negociação. Mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global. A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder", concluiu.

O presidente fez quatro propostas de mudanças na governança dos órgãos relacionados à ONU:

  • Transformação do Conselho Econômico e Social no principal fórum para o tratamento do desenvolvimento sustentável e do combate à mudança climática, com capacidade real de inspirar as instituições financeiras;
  • Revitalização do papel da Assembleia Geral, inclusive em temas de paz e segurança internacionais;
  • Fortalecimento da Comissão de Consolidação da Paz;
  • Reforma do Conselho de Segurança, com foco em sua composição, métodos de trabalho e direito de veto, de modo a torná-lo mais eficaz e representativo das realidades contemporâneas.
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